
Progresso é a grande lei da vida. A maioria já experimentou tempos melhores no passado, e todos podemos ser melhores no futuro do que somos atualmente. Agora é hora de avaliarmos espiritualmente a nossa vida, de selecionar nossas prioridades, e de colocar as primeiras coisas em primeiro lugar.
A maioria de nós nem começou a experimentar a realidade do nosso chamamento. Sabemos tão pouco sobre o poder da fé e da oração. Estamos provando uma mínima porcentagem do nosso pleno potencial em Deus. No geral, não experimentamos nem as bênçãos de Deus, muito menos seus milagres.
Ser cristão não é um assunto de "meio período". Requer o nosso melhor! Como é perigoso nos tornarmos satisfeitos conosco mesmos, viver sem propósito, e sem o melhor que Deus tem! Deus quer que sejamos um povo produtivo, sempre caminhando, sempre subindo para onde ele está.
Mas, ah, que tristeza quando se tem uma vontade sem quebrantamento e uma vida inútil! Desperdiçar a vida é o pior desperdício que se pode fazer. Ser infrutífero, desocupado, preguiçoso e ignorante são condições que jamais poderiam existir na vida de um cristão. Podemos ter o melhor de Deus! Não precisamos ser cristãos inferiores, abaixo do padrão de Deus. O poder dinâmico de Deus está disponível para fluir através de nós para abençoar um mundo necessitado.
Deus está buscando hoje um povo zeloso de boas obras. Uma vida cheia do Espírito, governada pelo Espírito, e guiada pelo Espírito é a norma para todos os cristãos. A Bíblia está cheia das histórias de grandes homens e mulheres de Deus que procuraram o caminho do progresso espiritual, que pagaram o preço do poder, e que viveram vidas plenas, abundantes e apaixonadas.
Deus está procurando por tais homens e mulheres hoje, através de quem ele possa operar maravilhas, mover montanhas e realizar grandes obras. Deus deseja que aprendamos a beber profundamente do rio divino de poder espiritual. Ele quer levantar muitos outros homens e mulheres de destino e poder sobrenatural. Deus quer que nos tornemos especialistas em fazer aquilo que é impossível para nós. A palavra "impossível" não está no vocabulário de Deus.
Ir Além Custa, Mas É Ir Além Que Faz A Diferença
Pobreza de propósito é pior do que pobreza de bolso. As pegadas na areia do tempo não foram feitas por pessoas sentadas. Não deveríamos ter que sair à procura de oportunidades; deveríamos criá-las. A consciência da nossa necessidade é o primeiro passo para o progresso. Devemos nos envergonhar da nossa falta de ambição. Que Deus nos proteja de continuarmos o resto da vida, ou de chegar à sepultura, sem ganhar almas, ou realizar coisa alguma pela causa de Cristo.
Deus quer nos erguer a um novo nível e uma nova dimensão espiritual. Ele quer nos dar poder para nos conquistar a nós mesmos, lidar com nossos conflitos, lidar com nosso desespero, batalhar contra nossos temores, e vencer sobre a preocupação. Somente então é que teremos supremacia sobre nossos problemas, e poderemos viver uma vida útil, amorosa, e vitoriosa. Deus quer que sejamos ensinados pela sua Palavra, e guiados pelo seu Espírito. Somente aqueles que foram conquistados por ele conhecerão o sabor da verdadeira conquista. Não precisamos ser cristãos duros, estéreis, mofados, e derrotados.
Ganhar almas faz parte da própria essência do evangelho. Deus conclama seus filhos para cumprir sua missão no mundo. Ele quer que testemunhemos e que trabalhemos por sua causa. Os leigos inativos precisam ser lançados ao trabalho. Não ousemos nos contentar com uma faísca, quando precisamos é de uma explosão espiritual. Temos a verdade de que o mundo tanto necessita; vamos compartilhá-la com todo nosso coração com as pessoas em toda parte.
Na nossa busca pelo melhor de Deus, devemos oferecer nossos corpos como sacrifício vivo a Cristo (Rm 12.1). Enquanto não fizermos isso, não há mais nada que possamos fazer. Consagração é nosso serviço racional. "A lei do Espírito da vida em Cristo Jesus me livrou da lei do pecado e da morte" (Rm 8.2).
Podemos viver a vida abundante, a vida transformada, a vida trocada. Podemos ser cheios do Espírito Santo e ter conhecimento da sua vontade. Podemos ser cheios de toda a plenitude de Deus (Ef 3.19). Podemos andar em novidade de vida (Rm 6.4), andar no Espírito (Gl 5.16), andar em amor (Ef 5.2). Podemos andar dignos do Senhor (Ef 4.1). Podemos servir em novidade de espírito (Rm 7.6).
Devemos sempre estar abundantes na obra do Senhor (1 Co 15.58). Rios de águas vivas podem fluir do nosso interior
(Jo 7.37-38). Podemos permanecer em Cristo e dar muito fruto (Jo 15.8). Nossas veredas podem brilhar mais e mais até chegar o dia perfeito (Pv 4.18). Deus pode fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos (Ef 3.20).
O Poder da Fé e da Oração
Todas nossas bênçãos e benefícios vêm pela fé. Que Deus nos conceda mais homens e mulheres de fé, ação, e desafio, que tanto são justos como fortes! Nossa fé determina nossa atitude e o resultado final da nossa vida. Não façamos planos pequenos. Façamos o que pudermos com o que temos e no lugar onde estivermos. Continuemos, e perseveremos em continuar. Tudo que vale a pena é fruto da fé. Nunca haverá milagres na vida de pessoas que não acreditem no sobrenatural.
O poder da fé e da oração é muito mais forte e dinâmico do que uma montanha de urânio. O poder da oração é mais importante do que o poder do hidrogênio. É a forma mais elevada de poder. É a máquina de realizações.
Quando fé, oração, e obediência caem da moda, a civilização cai também. Obediência é a chave para a vida abundante. É a grande falha nas nossas vidas. Como Jesus, devemos poder dizer: "A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra" (Jo 4.34). Devemos crer no coração (Rm 10.10), e obedecer de coração (Rm 6.17). "Pela fé Abraão... obedeceu" (Hb 11.8). Até Jesus aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu. Se amarmos a Jesus, obedeceremos seus mandamentos (Jo 14.15).
Os padrões da Palavra de Deus são altos. Deus quer que sejamos conformes à imagem de seu Filho (Rm 8.29). Devemos amar como ele ama (Jo 13.34), perdoar como ele perdoa (Ef 4.32), andar como ele andou (1 Jo 2.6). Devemos ser puros de coração (Mt 5.8), amar nossos inimigos (Mt 5.44), ser santos em todo nosso procedimento (1 Pe 1.15). Devemos orar sem cessar (1 Ts 5.17), ser fervorosos de espírito, servindo ao Senhor (Rm 12.11). Devemos ser zelosos de boas obras (Tt 2.14); e sempre ser abundantes na obra do Senhor (1 Co 15.58).
Não podemos alcançar estes ideais na nossa própria força, mas com a ajuda e a graça de Deus é possível. Podemos dizer com Paulo: "Tudo posso naquele que me fortalece" (Fp 4.13). Cristo pode viver em e através de nós; ele pode ser tudo em todos (Cl 3.11). Somos aperfeiçoados nele (Cl 2.10).
O mundo hoje está em profunda angústia, e não haverá cura sem uma visitação de Cristo e um verdadeiro derramamento de poder do alto. Somente a ação do Espírito Santo pode nos salvar do entorpecimento e falta de realidade de um cristianismo sem poder e sem vida.
Nossas igrejas estão cheias de cristãos que vivem vidas infrutíferas, e não abundantes. A maioria não tem poder, apesar das promessas de Deus. Não sabemos que somos "infelizes, miseráveis, pobres, cegos e nus". Como precisamos clamar outra vez: "Porventura não tornarás a vivificar-nos, para que em ti se regozije o teu povo?"(Sl 85.6). Oremos com persistência, até que experimentemos "tempos de refrigério da presença do Senhor".
Entrega Traz Poder
É tempo de ficar a sós com Deus, examinar nosso coração, expulsar o pecado, confessar nossa apatia espiritual, e nos entregar de maneira nova ao Salvador. Entrega incondicional sempre trará poder inconfundível. Que Deus quebre o jugo da nossa escravidão, restaure a realidade da nossa adoração e nos faça um povo sempre dinâmico, esperando a volta do nosso Salvador!
A busca pelo melhor envolve abandonar tudo e seguir a Jesus. Envolve permanecer em Cristo; envolve estar cheio do Espírito: "Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo" (Atos 1.8). Esta é a necessidade mais urgente desta hora.
Adaptado de um artigo publicado na edição internacional Herald of His Coming, em outubro de 1977. Fred D. Jarvis, que faleceu em 1990, era escritor, missionário, e conferencista.
O Perigo de Escolher o Bom e Não o Melhor
J. Stuart Holden
"Concedeu-lhes o que pediram, mas fez definhar-lhes a alma" (Sl 106.15).
O evangelho coloca diante de nós Cristo e seu Reino em contraste com o mundo e suas atrações. Insta conosco para escolher. De fato, toda sua influência é direcionada para mostrar que a escolha é inevitável. Mas quando a vontade faz sua escolha eterna, e abre sua vida ao reinado e governo do Salvador, somente o primeiro passo na vida cristã foi dado. Existe diante de nós todo um caminho de peregrinação que teremos de percorrer com paciência na companhia do nosso Senhor.
E no decorrer deste caminho, sempre rondando nossos passos, existe a cilada sutil de se escolher um bem menor. Pois a vida é uma longa série de escolhas, escolhas que precisam ser feitas diariamente entre aquilo que é supremo e superior, e aquilo que é secundário, entre o que agrada a si mesmo e o que agrada a Deus.
O perigo mais comum não é o que muitos imaginam: desviar-se e cair no pecado. É antes a tentação que aparece com freqüência alarmante de escolher o bom ao invés do melhor; de escolher algo que tem inúmeros pontos a favor, mas que não é a vontade explícita de Deus para nós.
Quando nos comprometemos a qualquer outro curso de vida, que não seja de absoluta fidelidade ao bem superior, estamos nos posicionando lamentavelmente fora de contato vivo com Deus, que às vezes pode conceder-nos nossos desejos e ao mesmo tempo deixar nossa alma definhar-se.
Israel, a quem este texto nos Salmos se refere, foi um forte exemplo disso. O propósito de Deus para a nação era que não tivesse um soberano terreno; ele mesmo seria seu Senhor e seu Rei. Israel seria um exemplo e modelo ao mundo inteiro. Mas Israel se rebelou. O povo queria ser igual, e não diferente das outras nações. Pediram um rei para guiá-los à batalha; queriam um monarca com toda sua pompa e esplendor.
Mesmo assim, Deus não os deixou para seus próprios desejos, nem os rejeitou. Com efeito, Deus disse a Samuel: "Muito bem; nomeie um rei para eles; não estão escolhendo o melhor, e vou permitir que tenham o bem inferior escolhido por eles mesmos. É a única maneira de mostrar-lhes a tolice do que estão fazendo."
A história subseqüente da nação mostrou realmente o perigo de se escolher um bem inferior. Israel tinha uma posição geográfica crucial e visada por todos os povos que levantavam impérios. Desta forma, era mais importante ainda que estivesse sob a proteção de Deus. Mas escolheu um caminho diferente, e qual foi o resultado? Desastre após desastre em guerras e conquistas por outros povos. A terra foi dilacerada por dissensões e agitações, e finalmente o povo foi retirado e levado ao cativeiro.
Se estas ilustrações de um princípio de vida puderem servir de alguma forma para nós, certamente seria para mostrar a ênfase que Deus dá nas escolhas que são feitas em cada crise moral e espiritual. É comum dizer que nossas escolhas atestam o nosso caráter, e que a direção em que a mente da pessoa vira involuntariamente mostra que tipo de pessoa é. A seriedade da vida é que cada dia somos testados a respeito dos fundamentos e inspirações vitais do nosso ser.
Há momentos quando somos tentados para seguir rumos em que ganho material e vantagem pessoal estão em primeiro lugar. Somos tentados a garantir para nós mesmos vantagens atuais, e para colocar conforto, facilidade, e prosperidade como nossos objetivos principais. Perguntamos: "Não podemos tirar proveito máximo dos dois reinos?"
O perigo é, ao tentar conciliar as duas coisas, escolhermos o bem inferior. E se isto acontecer, Deus não nos abandonará, pois ele nunca faz isso. Mas ele permite que a escolha inferior corrija nossa vontade própria, e nos conduza de volta ao lugar de obediência de todo coração ao Senhor.
A escolha de um bem inferior pode resultar no abafamento dos nossos instintos mais espirituais, na perda de uma comunhão mais íntima com Deus, e na ausência daquela divina parceria de poder em que Deus fortalece e usa as pessoas para sua glória.
É sempre um grande desafio de fé compreender o que é o melhor de Deus, mas quando o reconhecemos, traz a exigência imediata de uma resposta. Seguir a luz divina que vem para nos guiar, e submeter todas nossas escolhas à vontade de Deus, são os testes mais severos que a vida nos reserva. Mas feliz de fato é o homem cuja coragem não hesita, cujos ideais não são renegados, na hora da sua provação.
Toda nossa vida presente e o treinamento que temos aqui é apenas uma preparação para o serviço eterno. A escolha de um bem inferior sempre resultará no empobrecimento da influência presente; pois se um homem quiser exercer influência superior, ele deve viver em função das coisas superiores.
Sabemos de pais que se dizem cristãos, mas cuja escolha de um bem inferior se reflete nas vidas insatisfatórias dos seus filhos. Ao invés de buscarem primeiro o Reino de Deus, a perspectiva da sua vida no lar é influenciada em grande medida pelo mundo, pelas convenções da sociedade, e não pelas convicções do coração. E seus filhos pegaram uma medida muito inferior de Deus por causa desta imagem distorcida que os pais refletiram.
O Exemplo do Nosso Senhor
Tudo não é desalento, porém. Para nos aliviar no meio de todas estas advertências, temos sempre presente a inspiração da própria vida do Senhor – onde encontramos o mais forte apelo ao nosso coração para escolher o mais alto. Pois ao lermos o registro da sua vida, nos dias da sua carne, vemo-lo como aquele que sempre, coerentemente, escolhia o melhor de Deus. "Desci do céu, não para fazer a minha própria vontade; e, sim, a vontade daquele que me enviou" (Jo 6.38). "... o Filho do homem...não veio para ser servido, mas para servir..." (Mt 20.28).
E no fim da sua vida, quando o cálice estava cheio, amargo e pesado, ouvimo-lo no Jardim, ainda fiel ao propósito governante da sua vida redentora: "Todavia não seja o que eu quero, mas o que tu queres" (Mc 14.36). E, escolhendo o melhor de Deus, ele bebeu o cálice até o fim.
Para os homens hoje, o melhor de Deus se expressa no chamado de Cristo: Segue-me. Segui-lo corajosa, coerente, e lealmente é escolher a melhor e mais alta de todas as alternativas da vida.
Quando Me Buscardes de Todo o Vosso Coração
(Jeremias 29.13)
W. C. Moore
"O reino dos céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto" (Mt 11.12). "Não te deixarei ir, se me não abençoares" (Gn 32.26).
Por que estas fortes afirmações estão na Bíblia, uma no Velho Testamento, e outra no Novo Testamento? Por que esta necessidade de desespero? Por que esta ênfase em resolução? Por que este apelo a viver de todo o coração?
Deus não é um Pai amoroso àqueles que chegaram a ele com arrependimento e confissão, abandonando o pecado, e aceitando sua maravilhosa salvação pela fé em Jesus, seu Filho, por meio do seu sangue derramado? Então por que esta urgência, esta absoluta necessidade de um rosto "determinado", um "firme propósito" (Lc 9.51), para se chegar a algum lugar em Deus? Deve haver uma razão para tudo isto. Deus é infinitamente sábio, tudo que faz é pleno de sabedoria e amor.
Um fato se destaca com clareza no horizonte do infinito amor de Deus pela raça humana: Nossa salvação foi comprada por um enorme preço – a agonia e morte do Filho de Deus. É uma salvação extraordinariamente preciosa, e Deus deseja que seja prezada como uma expressão incalculável e suprema do seu amor, antes de conferir este dom tremendo a alguém. Uma decisão que afete todo o propósito e toda a disposição da vida da pessoa precisa ser tomada, e isto nos leva a um outro fato tremendamente importante na maravilhosa sabedoria do plano de Deus.
"Escolhei Hoje"
Deus deu ao homem o poder de escolha. Fez com que fosse totalmente impossível que qualquer ser humano permanecesse "em cima do muro". Ou você é bom ou é mau, salvo ou perdido – não há meio termo, posição intermediária, terreno neutro, para qualquer pessoa na face da terra. "Ninguém pode servir a dois senhores" (Mt 6.24). Sua vida, seu testemunho, ou vão contribuir para levar as pessoas à salvação, ou ajudará para que sejam condenadas. Jesus diz claramente: "Quem não é por mim, é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha" (Mt 12.30). "Escolhei hoje a quem sirvais" (Js 24.15).
"Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e AS PRATICA, será comparado a um homem prudente" (Mt 7.24). "Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?" (Hb 2.3). Se deixarmos de escolher a salvação de Deus por Jesus Cristo, estaremos perdidos e caminharemos para o inferno, para o "fogo inextinguível" (Mc 9.43). "Onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga" (Mc 9.44).
Deixar de escolher a Deus significa que já escolhemos o diabo e o pecado. Cada pessoa que atinge a idade de responsabilidade precisa tomar uma decisão clara e definida se vai aproveitar os prazeres do pecado por um tempo, ou se vai sofrer aflições com o povo de Deus neste "presente século mau". Esta última escolha se faz quando se ama mais a Deus do que a si mesmo e ao mundo, e porque se busca uma pátria celestial, e se considera um estranho e peregrino na terra
(Hb 11.13,25).
Deus não mudou. Ele é sempre o mesmo (Ml 3.6; Hb 13.8). Foi escrito a respeito de Ezequias, que "Deus o desamparou, para prová-lo, e fazê-lo conhecer tudo o que lhe estava no coração" (2 Cr 32.31). Estamos servindo ao Senhor porque ele nos abençoa? Este é o motivo principal do nosso serviço a ele? Seguimos a Jesus porque comemos "dos pães e nos fartamos" (Jo 6.26)? Estamos seguindo-o pelos pães e peixes, ou seguimo-lo no sol e nas trevas, nos elogios e na difamação, no meio da alegria e da tristeza – só porque o amamos tanto?
Aproveite Toda Sua Fome Por Deus
"Porque a todo o que tem se lhe dará" (Mt 25.29), Jesus disse. Cultive os mais inexpressivos anseios por Deus que você tiver, e receberá anseios maiores. Se Deus "o desamparar, para prová-lo", como fez com Ezequias – busque-o da mesma maneira. Não corra a amigos para receber consolo, mas busque ao Senhor! Amigos podem ajudar, de fato, mas busque primeiro o reino de Deus e a sua justiça. Busque a Deus, creia nele, honra a ele, e ele o honrará (1 Sm 2.30).
A Bênção do Senhor
É uma grande bênção quando temos fome pelas coisas de Deus, e devemos ser muito gratos por estes anseios dentro da nossa alma para buscar ao Senhor. Os próprios desejos de agradar a Deus vêm dele, e devemos perseverar com intensidade para conhecê-lo melhor. Oh, que nunca venhamos entristecer o Espírito Santo por negligenciar estes anseios interiores por Deus!
"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos" (Mt 5.6). "Pois dessedentou a alma sequiosa e fartou de bens a alma faminta" (Sl 107.9).
"Se alguém quer vir após mim", Jesus disse, "a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me" (Lc 9.23). A vida cristã é uma caminhada, dia após dia continuando em comunhão com o precioso Senhor. Não é uma questão de embarcar no Trem do Evangelho e de se jogar numa cadeira e ser transportado com todo o luxo para o céu. Não! A vida cristã envolve negar a si mesmo dia após dia, abandonando nossos caminhos para que possamos andar nos caminhos dele – por amarmos a ele sobre todas as coisas.
Não Ameis as Coisas do Mundo
Você escolhe o mundo ou escolhe a Deus? Não pode ter os dois. Ninguém pode servir a dois senhores. Não se enreda com as atrações do mundo.
"Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele" (1 Jo 2.15).
"Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus" (Tg 4.4).
"Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo" (Lc 14.33).
O Problema do Recém-Convertido
"Não posso entregar, este pequeno mundo que conheço, os prazeres inocentes da juventude, as coisas que prezo tanto. O coração do meu Pai é bondoso, ele não se importará se este cantinho do meu mundo ainda me encanta e me segura nos seus laços. Estas coisas pertencem à minha juventude, e são por direito dela, minhas roupas, meus passatempos, meus amigos, aqueles que são brilhantes e joviais.
"É verdade que amo ao Senhor, e quero fazer sua vontade; mas, oh, se eu pudesse tirar proveito do mundo, e ainda ser um cristão ao mesmo tempo! Entretanto, lá fora da cidade, foi lá que meu Salvador morreu. Foi o mundo que o expulsou, e contemplou enquanto o crucificaram. Não, mundo, viro-lhe minhas costas! Suas mãos são manchadas de sangue, o sangue de Jesus! Posso fazer parte daqueles que o pregaram na cruz? E onde o nome dele não é louvado, pode haver um lugar para mim?
"Não, mundo, viro minhas costas. Ainda que tenha aparência bela e bondosa, aquela sua mão de amigo estendida para mim está manchada com o sangue de Jesus. Se eu me abaixar para participar nos seus propósitos, ainda que no menor deles, sem perceber sua influência há de roubar a presença de Cristo do meu coração. Tenho saudade do sorriso do meu Salvador quando ando pelos caminhos do mundo; suas risadas abafam a voz do Espírito, e poluem as fontes do louvor."
W. C. Moore foi o fundador do Arauto da Sua Vinda, junto com sua esposa, Sarah F. Moore, em 1941. Ambos já estão com o Senhor.
Meditando na Palavra de Deus
Derek Prince
Você quer o melhor de Deus? Se sua resposta for positiva, a primeira coisa que terá de fazer é decidir totalmente no seu interior que é isto de fato que deseja: o melhor de Deus. Esta é a decisão básica e fundamental. Você precisa querer o melhor de Deus, e terá de decidir que não aceitará nada menos que o melhor de Deus na sua vida. Deus não nos obriga a tomar esta decisão. Depende de nós fazer a escolha...
A coisa mais importante que você pode fazer se quiser o melhor de Deus é meditar na Palavra de Deus. Encha a sua mente com a Palavra de Deus. Dê uma olhada no exemplo de Josué, e nas instruções que o Senhor lhe deu quando estava para levar Israel para sua herança:
"Não cesses de falar deste Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido" (Js 1.8).
Esta última parte: "farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido", é o mesmo que dizer "acharás o melhor de Deus". Quais são as condições? Há três, e todas se relacionam à Palavra de Deus.
1. A Palavra não deve "se apartar da tua boca" (Edição Revista e Corrigida).
2. Você deve meditar nela de "dia e noite" – o que significa continuamente.
3. Você deve observar "tudo quanto nele está escrito".
Eu costumo resumir isto em três frases simples. Se você quer o melhor de Deus, se quer fazer prosperar seu caminho, e ser bem-sucedido, estas são as três coisas que deve fazer: pensar a Palavra de Deus, falar a Palavra de Deus, e fazer a Palavra de Deus. Coloquei pensar primeiro, porque se não pensar, nunca poderá realmente falar. Se não pensar e falar, nunca conseguirá fazer. O resultado de fazer os três é sucesso, o melhor de Deus.
Você pode dizer: "Ah, mas isto foi para Josué. Como posso saber que funcionará para mim?" O primeiro Salmo tem uma promessa semelhante, e é para todo aquele que preencher as condições. Inclui a todos. Não importa quem você é; tudo que importa é que você cumpra as condições.
"Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.
"Antes, o seu prazer está na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.
"Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem-sucedido" (Sl 1.1-3).
Observe a última frase: "Tudo quanto ele faz será bem-sucedido". Isto é achar o melhor de Deus; esta é a verdadeira prosperidade. Isto pode aplicar a qualquer pessoa que preencher as condições. Há cinco condições: as três primeiras são negativas, ou seja, são coisas que você não deve fazer:
1. Você não deve andar no conselho dos ímpios.
2. Você não deve se deter no caminho dos pecadores.
3. Você não deve se assentar na roda dos escarnecedores.
A questão chave aqui é onde você recebe conselho. Se você recebe o conselho da fonte errada, então toda sua vida dará errado. Depois das três condições negativas, temos duas positivas:
1. Seu prazer deve estar na lei do Senhor.
2. Você deve meditar na sua lei de dia e de noite.
Observe que as duas condições positivas falam da lei do Senhor, ou da Palavra de Deus. Primeiro, você deve ter prazer na sua lei. Segundo, deve meditar nela de dia e de noite. Observe que outra vez a meditação certa é a chave para o sucesso – meditando na Palavra de Deus de dia e de noite.
Isto não significa apenas dez minutos por dia, lendo a Bíblia; é encher sua mente de tal forma com a Bíblia que ocupe seus pensamentos durante o dia inteiro. Assim estará sempre se alimentando daquilo que é positivo, que inspira sua fé, que edifica. Pensar certo é importante, pois o que você pensa determinará a maneira como vive.
Às vezes falo que a personalidade humana é como um iceberg: sete oitavos estão debaixo da superfície. Muito pouco do iceberg aparece acima da superfície em comparação com o que está debaixo dela. Isto também ocorre com a personalidade humana.
Aquilo que uma pessoa pensa determinará o curso da sua vida. Se você medita nas coisas certas, e vive uma vida certa, então colherá os resultados que Deus prometeu: sucesso e prosperidade – ou seja, o melhor de Deus.
Dê uma olhada a uma passagem do profeta Isaías que confirma que a maneira como pensamos afeta nossa experiência. Deus está falando nesta passagem:
"Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor,
"Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.
"Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, sem que primeiro reguem a terra, e a fecundem, e a façam brotar, para dar semente ao semeador e pão ao que come,
"Assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei" (Is 55.8-11).
Observe como Deus começa com os pensamentos, e como diz que nossos pensamentos, por natureza, não são os seus pensamentos. Como, então, podemos começar a pensar os pensamentos de Deus? Deus dá a resposta nas palavras seguintes. Os caminhos e pensamentos de Deus estão num plano celestial, e nossos caminhos e pensamentos estão num plano terreno, bem abaixo de Deus. Mas a Palavra de Deus traz seus caminhos e pensamentos lá do céu para dentro das nossas vidas e coração, produzindo os resultados que precisamos.
"Assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei.
"Saireis com alegria e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros romperão em cânticos diante de vós, e todas as árvores do campo baterão palmas.
"Em lugar do espinheiro, crescerá o cipreste, e em lugar da sarça crescerá a murta; e será isto glória para o Senhor e memorial eterno, que jamais será extinto" (Is 55.11-13).
Este é o resultado da Palavra de Deus descer do céu, entrar no nosso coração, ocupar nossa mente, e substituir nossos caminhos e pensamentos com os caminhos e pensamentos de Deus. A Palavra de Deus traz seus caminhos e pensamentos para dentro do nosso coração e vida. À medida que nossas mentes se encherem com a Palavra de Deus, começamos a pensar os pensamentos de Deus. Nossa vida mental é transformada completamente.
Os resultados estão descritos aqui de forma muito bela: paz (em paz sereis guiados), alegria (saireis com alegria), louvor (até a natureza participará – "as árvores do campo baterão palmas"), e fecundidade (em lugar do espinheiro e da sarça crescerão o cipreste e a murta).
Isto é o que acontece na nossa vida quando a Palavra de Deus entra e a recebemos e começamos a meditar nela. Nossos próprios caminhos e pensamentos são como o espinheiro e como a sarça; são improdutivos e inúteis. Mas quando são substituídos pela Palavra de Deus, no lugar do espinheiro e da sarça, produzimos o cipreste e a murta.
Quero sugerir-lhe que considere a substituição dos caminhos e dos pensamentos de Deus no lugar dos seus caminhos e pensamentos, como sendo a chave para o sucesso. Você deve cultivar a prática de meditar na Palavra de Deus de dia e de noite. Meditar na Palavra de Deus é aprender a pensar os pensamentos de Deus através de receber sua Palavra no nosso coração e mente.
Jejum é Colocar Deus em Primeiro Lugar
Gordon Cove
No início da história da igreja, o jejum era considerado uma das colunas da religião cristã. Quando a igreja tinha poder, o jejum era uma parte essencial da fé.
Jejum não é mera abstinência de alimentos ou de qualquer outro prazer, por si mesma. É abstinência com propósito.
Jejum significa que você chegou a um lugar de desespero espiritual. Significa que está determinado agora a colocar Deus em primeiro lugar a qualquer custo. Há momentos quando devemos virar as costas a tudo no mundo, até mesmo à nossa alimentação, para buscar a face de Deus. Jejum significa que estamos determinados a buscar a face de Deus e a ter respostas para nossas orações. Significa simplesmente que colocamos Deus primeiro, antes de tudo, inclusive do alimento.
Geralmente, jejuar significa abster-se do alimento, mas o mesmo espírito de desespero nos levará a nos abster de outras coisas também. Jejuar é voluntariamente abrir mão de algo que seja inofensivo em si mesmo, para o fim de crescer espiritualmente. Não se aplica necessariamente só ao alimento. Aplica-se a qualquer coisa que o homem natural possa desejar.
Então jejuar significa colocar Deus realmente em primeiro lugar quando se ora, desejar Deus mais do que se deseja comer, mais do que dormir, mais do que ter comunhão com outros, mais do que correr atrás de negócios. Como um cristão pode saber se Deus está em primeiro lugar na sua vida, se em algumas épocas ele não deixa todas as outras obrigações e prazeres para se separar inteiramente para buscar a face de Deus?
Expressão de Tristeza
O jejum também é uma expressão de tristeza. Isto é, tristeza sobre pecados pessoais, ou uma carga de intercessão pelas almas de outras pessoas. Um objetivo do jejum é mortificar o pecado. Sua mente está perturbada e mal-humorada, seu coração endurecido, sua graça enfraquecida, e a corrupção carnal dominando? Orgulho, ciúme, ódio, amor pelo mundo, ou qualquer outra imundícia da carne ou do espírito o estão vencendo?
Jejum então é seu dever. Alguns demônios não saem, a não ser através de jejum e muita oração. Quando este for o caso, o jejum é o remédio certo, e deve ser usado como o principal instrumento.
Na Bíblia há muitos exemplos de jejum. "Então apregoei ali um jejum... para nos humilharmos perante o nosso Deus", escreveu Esdras (8.21) a respeito de toda a nação de Israel. O jejum dos ninivitas, e o jejum que o profeta Joel ordenou, eram considerados elementos essenciais no arrependimento nacional. Os homens de Nínive jejuaram com pano de saco e cinzas, como símbolo de profunda tristeza nacional (Jonas 3.5-7).
Há momentos quando uma profunda experiência, uma profunda humilhação de arrependimento, nos faz rejeitar todo alimento e prazer natural. Na sua tristeza pelo pecado, ou pela profunda intercessão por almas perdidas, qualquer deleite fere a alma.
O Jejum Confere Uma Força Adicional à Oração
Oração sozinha pode ser algo muito superficial. O jejum é uma evidência da nossa sincera intensidade e do nosso fervor. Para fazer até mesmo uma oração normal, precisamos ter fé, pois é necessário que "aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe..." (Hb 11.6). Mas para jejuar é preciso ter mais fé ainda. O jejum requer um desejo maior, uma determinação e uma fé maiores, e Deus observa isto quando vê seus filhos orando e jejuando.
Jejuar é deixar de lado todo peso e embaraço (Hb 12.1). Deixar os pesos é tirar todo empecilho à oração, e uma barriga cheia é um empecilho. Experimente orar com estômago vazio, e veja o quanto é mais fácil prevalecer em oração.
Quando começamos a orar e jejuar, significa que nos separamos seriamente à questão de orar com persistência, e que não aceitaremos ser negados. Sem dúvida alguma, o povo de Deus veria muito mais respostas à oração, se deixassem mais refeições e passassem o tempo em oração. O jejum não só reforça a oração, e constitui-se uma prova de maior intensidade, mas o jejum por si só é uma oração. Jejum torna-se oração para o cristão que está voltado para Deus.
Entre outros benefícios espirituais que resultam do jejum, um dos maiores é que jejuar ajuda a gerar fé. Nossa incredulidade é muito maior do que reconhecemos. É como um inimigo invisível e poderoso. Embora pareça difícil no princípio compreender, a própria fraqueza que se sente no jejum edifica nossa fé. Quando parece que estamos perdidos no escuro durante o jejum, e talvez o diabo venha cochichar que não está adiantando nada, esta é a hora em que sua fé está se edificando, pois Paulo diz: "Quando sou fraco, então é que sou forte" (2 Co 12.10).
Jejum é um auxílio poderoso para a oração. Se suas orações não são respondidas, acrescente jejum à oração. Você não buscou ao Senhor "com todo coração" enquanto não tiver separado um tempo prolongado de oração com jejum. Muitos cristãos oram há anos a respeito de certos problemas. Às vezes estas orações não são respondidas. Mas em muitos casos onde o jejum foi acrescentado às orações, além de profunda consagração e sondagem do coração diante de Deus, a resposta tem chegado sobrenaturalmente. Quando ligada ao jejum, a oração tem um poder muito maior. Não estamos afirmando que o jejum sozinho produzirá respostas milagrosas. Mas prepara o coração através de humilhação, de uma forma que nenhum outro meio pode fazer.
Junto com o jejum virão poder e liberdade na sua ministração da Palavra, se você é um pregador. Ao manter a carne em sujeição através do jejum, o espírito é vivificado – e o oposto também é verdadeiro. A tragédia é que tantos cristãos ainda continuem no seu estado espiritual sem poder, por não querem abrir mão das suas três refeições diárias, quando está ao seu alcance a chave da solução. Certamente, é necessário ter determinação para praticar o jejum, mas Deus não nos pediria para fazê-lo se fosse algo impossível.
Em Tempos de Crise "Santificai um Jejum"
Três vezes nos primeiros dois capítulos de Joel, Deus ordena o jejum (Jl 1.14; 2.12,15). O profeta Joel afirma que quando o momento é de desespero, Deus mesmo exorta seu povo a buscar auxílio dele. "Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns..." (2.12). "Santificai (ou promulgai) um jejum" (1.14).
Isto nos ensina que é certo nestes momentos marcar um dia para que todos jejuem em conjunto. Algumas pessoas dizem que concordam em jejuar quando "o Senhor colocar o desejo no coração". Mas as outras coisas na nossa vida não funcionam assim. Não esperamos sentir o mover de Deus para comer. Não esperamos um toque do Espírito para pagar o aluguel. Que outro sentimento precisamos ter da parte de Deus, quando em tempos de crise, ele já ordenou três vezes em dois capítulos que o façamos!
Desce, Senhor! Ofendemos a Ti!
Roger Ellsworth
Este é o quinto artigo numa série de mensagens sobre Isaías 63 e 64.
"Sais ao encontro daquele que com alegria pratica justiça, daqueles que se lembram de ti nos teus caminhos; eis que te iraste, porque pecamos; por muito tempo temos pecado e havemos de ser salvos?
Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam.
Já ninguém há que invoque o teu nome, que se desperte e te detenha; porque escondes de nós o rosto e nos consomes por causa das nossas iniqüidades" (Isaías 64.5-7).
Agora estamos chegando ao ponto essencial. Isaías vem se armando com argumentos para convencer Deus a descer e visitar seu povo. Mas por qual razão Deus se retirou do seu povo e escondeu seu rosto? Nesta parte da oração, Isaías enfrenta esta questão. Nada se ganharia por rodear o assunto, e assim ele diz sem floreios: "Pecamos" (v. 5). Um pouco depois ele acrescentou: "Escondes de nós o rosto... por causa das nossas iniqüidades" (v. 7).
Temos falado sobre sentir falta de Deus, e precisar de Deus. Temos examinado a necessidade de esperar em Deus, e até de sair ao seu encontro. Agora teremos de reconhecer que todas estas coisas estão condicionadas ao reconhecimento de pecado em nossas vidas. Esta é uma questão crucial. Podemos parar de falar sobre avivamento, se não tivermos intenção de enfrentar nossos pecados e nos afastar deles.
Nos tempos antigos, quando um rei resolvia visitar seu povo, mandava um mensageiro na frente para anunciar sua vinda. O povo se preparava para sua chegada construindo um "caminho alto". Enchiam os vales, nivelavam os lugares mais altos, removiam as pedras e raízes dos lugares ásperos. Quando o caminho estava pronto, o rei vinha.
O Senhor deseja vir nos visitar. Ele deseja encher nossas vidas e nossas igrejas com sua gloriosa presença. Mas devemos preparar o caminho. Cada membro do seu povo tem algo a fazer. Cada um de nós tem um vale de envolvimento pecaminoso que precisa ser levantado. Todos tem lugares altos de orgulho que precisam ser abaixados. Cada um tem lugares tortuosos onde sua vida se desviou da sua vontade. Todos têm um acúmulo de pedras e raízes de lascívia, ciúme, ressentimento e ganância que deve ser removido. Há trabalho para ser feito!
"Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus. A glória do Senhor se manifestará, e toda a carne a verá, pois a boca do Senhor o disse" (Is 40.3,5).
Mas tratar com pecado não é um assunto fácil. Ninguém acha fácil dizer estas três palavrinhas: "Eu estava errado". Casamentos freqüentemente engasgam e morrem porque aquelas palavras ficaram atravessadas na garganta. Amizades muitas vezes criam focos de suspeita e tensão por causa da indisposição de falar estas palavras. Igrejas ficam polarizadas e paralisadas por falta destas palavras. Mas por difíceis que sejam, precisam ser ditas, e ditas de coração.
Vamos aprender com Isaías. Ele não faz rodeios. Faz uma verdadeira confissão, e ao fazê-la, mostra-nos os ingredientes do genuíno arrependimento. Em primeiro lugar, veja como sua confissão:
1. Expõe o Pecado
Em linguagem simples, sem enfeites ou floreados, Isaías expõe para que todos vejam a força do pecado. O pecado havia triunfado sobre eles, e este triunfo era evidente primeiro na imundícia geral do seu comportamento (v. 6).
Isaías examina este comportamento imundo de duas maneiras. Primeiro, considera a sua fonte – a imundícia da nossa natureza. "Todos nós somos como o imundo", ele diz. Todos nossos atos imundos procedem deste fato de sermos pecadores por natureza. A corrente é contaminada porque a nascente é contaminada.
Nada faz o homem moderno levantar sua defesa mais rápido do que falar nestes termos. É muito melhor falar sobre a bondade essencial do homem. Se ele falha, não é por causa da sua natureza pecaminosa; é simplesmente alguma deficiência na sua educação ou no seu ambiente. E a maior necessidade do homem não é ser salvo do pecado, mas de ter escolas melhores e uma sociedade mais evoluída.
Na verdade, ensinar sobre a natureza pecaminosa do homem é considerado em muitos lugares como definitivamente prejudicial ao homem. Faz com que tenha uma baixa auto-estima. Alguns já foram até o ponto de sugerir que o homem só precisa ser salvo desta baixa auto-estima, e não do pecado.
Enquanto isso, o homem continua pecando despreocupado, e continua colhendo a destruição e ruína que o pecado gera. Ao mesmo tempo que fala com entusiasmo sobre sua dignidade e seu potencial, a sociedade que construiu está desmoronando por toda parte.
Os cristãos receberam perdão dos pecados, mas a natureza pecaminosa que receberam ao nascer não foi automaticamente anulada. Ainda exerce uma poderosa influência, e temos de clamar constantemente com o apóstolo Paulo: "Miserável homem que sou!" (Rm 7.24).
Depois de fazer esta observação, Isaías passa a falar da extensão da nossa imundícia. Contamina até mesmo nosso melhor comportamento. Isaías diz: "Todas as nossas justiças, como trapo da imundícia". Esta afirmação fez Charles Spurgeon comentar: "Irmãos, se nossas justiças são tão ruins assim, imaginem nossas injustiças!"
Nossa pecaminosidade é tão profundamente arraigada que abrange e contamina tudo que fazemos. Os teólogos falavam muito sobre a "depravação total do homem". Com isto não estavam dizendo que o homem já alcançara o máximo de degeneração possível, mas que a natureza pecaminosa se manifesta em tudo que ele faz. Citando Spurgeon outra vez: "... há pecado até na nossa santidade, há incredulidade na nossa fé; há ódio no nosso próprio amor; há lama da serpente na mais bela flor do nosso jardim."
Por espantosa que seja esta descrição, é apenas a metade da história. A outra metade é exposta por Isaías nestas palavras chocantes: "Já ninguém há que invoque o teu nome, que se desperte e te detenha".
Assim, além da imundícia do seu comportamento, Isaías também confessa a frigidez dos seus corações. Não havia nenhuma necessidade maior do que deter Deus em oração, buscar seu perdão, e suplicar por suas promessas. Mas isto exige esforço. É preciso se despertar para fazer este tipo de coisa. É preciso fazer um auto-exame, ficar enojado pelo pecado que se permitiu alojar na sua vida, e determinar que não vai mais continuar desta forma. Mas era justamente isto que a geração de Isaías não estava preparada para fazer. Estavam em tal estado de sono que não podiam despertar a si mesmos.
O comentarista Albert Barnes o expressa desta forma: "Ninguém sobe ao encontro de Deus sem ser despertado; pois do contrário cai no estupor do pecado da mesma maneira que um homem sonolento volta ao sono profundo".
Este povo, então, estava preso nas pinças mortíferas de Satanás. Por um lado, estavam envolvidos em toda espécie de imundícia. E por outro, estavam frios para com o Senhor. Pecados de ação por um lado, e pecados de omissão por outro. Que combinação fatal! E é uma combinação que se repete inúmeras vezes no meio do povo de Deus hoje. Verdadeiro arrependimento não deixará de confrontar os dois lados desta combinação. Exporá os dois com igual franqueza, e não apresentará desculpa alguma.
Mas há um outro aspecto importante do verdadeiro arrependimento demonstrado pela confissão de Isaías. Veja como ele também:
2. Exonera a Deus
Por causa do predomínio do pecado na sua nação, Isaías também podia ver e confessar a presença do juízo divino. "Te iraste", diz Isaías (v. 5). Sim, ele realmente diz que Deus ficou bravo. Alguns ficam atônitos e pasmos ao ouvir isto. Deus fica irado? Sim! Vez após vez a Bíblia nos diz que Deus se opõe fundamentalmente ao pecado, e no entanto nos recusamos a acreditar nisto. Ficamos tão alucinados com o amor de Deus que nos esquecemos sobre sua santidade que exige que o pecado seja julgado. Somos tão tolos quanto a avestruz que esconde a cabeça na areia, pensando que está a salvo dos caçadores.
Talvez você diga: "Prefiro pensar de Deus como um Deus de amor". É claro que prefere. Mas esta é a "síndrome da avestruz", com toda certeza. Preferir ter um Deus de amor de maneira alguma anula o fato que ele também é um Deus que jurou exercer juízo sobre o pecado.
Depois de afirmar a ira de Deus, Isaías prossegue usando duas metáforas para descrever o juízo de Deus sobre seu povo. Uma é o vento (v. 6), e a outra é o fogo (v. 7).
Quando o povo de Deus se envolve com pecado, e se esfria para com o Senhor, começa a "murchar como a folha". Sua força espiritual começa a se secar, e depois o vento de juízo o leva embora. O vento do juízo de Deus levou o povo de Isaías embora para Babilônia! Tal foi o fruto da sua vida impiedosa. Tornaram-se uma evidência manifesta da verdade das palavras do salmista. O homem que se deleita na lei do Senhor é uma planta "cuja folha não cai" (Sl 1.3). Mas os ímpios são "semelhantes à moinha que o vento espalha" (v. 4).
Depois Isaías usa a figura do fogo. Diz que Deus "nos consome por causa da nossa iniquidade". O fogo é um símbolo comum na Bíblia para juízo. Reflete a dor e a angústia que o juízo causa. Mas o fogo do juízo também traz um elemento de esperança. É o fogo que purifica o ouro, derretendo as impurezas. Se somos povo de Deus, o fogo consumidor será em última análise o meio da nossa renovação.
O que quero mostrar aqui é que Isaías declara a ira de Deus, e usa estas metáforas para descrevê-la, mas de forma alguma discute com Deus. Simplesmente reconhece que Deus está irado, mas não acusa Deus de ser injusto. Ele não discute o direito que Deus tem de ficar irado por causa dos seus pecados. Aqui chegamos à essência do verdadeiro arrependimento. Arrependimento genuíno sempre honra a Deus; reconhece-o como Deus e reconhece seu direito como Deus. Em outras palavras, arrependimento é onde paramos de encher nossa boca de argumentos contra Deus, e tomamos nossa posição humilde de criatura diante do Criador.
Você nunca conhecerá arrependimento, nem a paz ou o gozo que este traz, enquanto estiver interessado em se defender diante de Deus. "Isto não é justo!" "Não entendo como Deus pode fazer isto." Estes são os sentimentos comuns da pessoa que não conhece arrependimento. A pessoa que os expressa apenas reflete sua ignorância desta afirmação: "Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como o céu é mais alto do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos" (Is 55.8,9).
Aqui, então, na oração de Isaías há território que precisamos conquistar se realmente quisermos que o Senhor "desça". Devemos arrepender-nos dos nossos pecados. Não devemos passar por cima deles, mas reconhecê-los com sinceridade. E devemos reconhecer que o juízo de Deus é justo e certo. Que nossa oração hoje seja: "Desça, Senhor! Ofendemos a ti".
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