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quinta-feira, 30 de abril de 2009

VERACIDADE DA BÍBLIA




O maior, melhor e mais confiável documento de todos os tempos é a Bíblia. Suas afirmações são continuamente confirmadas, como mostra o artigo a seguir.

Novas escavações, achados arqueológicos, escritos antigos, descobertas surpreendentes e avanços no conhecimento científico confirmam o que a Bíblia diz. Um recente documentário da BBC comprovou que o êxodo dos israelitas do Egito foi real.

Os registros bíblicos poderiam estar certos

O relato bíblico da saída do povo de Israel do Egito pode ser comprovado cientificamente. Segundo um documentário da televisão britânica BBC, os resultados de pesquisas científicas e os achados e estudos de egiptólogos e arqueólogos desmentem a afirmação de que o povo de Israel jamais esteve no Egito. Contrariamente às teses de alguns teólogos, que afirmam que o livro de Êxodo só foi escrito entre o sétimo e o terceiro séculos antes de Cristo, os pesquisadores consideram prefeitamente possível que o próprio Moisés tenha relatado os fatos descritos em Êxodo – o trabalho escravo do povo hebreu no Egito, a divisão do Mar Vermelho e a peregrinação do povo pelo deserto do Sinai. Eles encontraram indícios de que hebreus radicados no Egito conheciam a escrita semita já no século 13 antes de Cristo. Moisés, que havia recebido uma educação muito abrangente na corte de Faraó, teria sido seu sábio de maior destaque. E isso teria dado a ele as condições para escrever o relato bíblico sobre a saída do Egito, conforme afirmou também um documentário do canal cultural franco-alemão ARTE.

Pragas bíblicas?

Segundo o documentário, algumas inscrições encontradas em palácios reais egípcios e em uma mina, bem como a descrição detalhada da construção da cidade de Ramsés, edificada por volta de 1220 a.C. no delta do Nilo, comprovariam que os hebreus realmente viveram no Egito no século 13 antes de Cristo. A cidade de Ramsés só existiu por dois séculos e depois caiu no esquecimento, portanto, o relato só poderia vir de uma testemunha ocular. Também as dez pragas mencionadas na Bíblia, que forçaram Faraó a libertar o povo de Israel da escravidão, não poderiam ser, conforme os pesquisadores, uma invenção de algum escritor que viveu em Jerusalém cinco séculos depois...

Moisés recebeu a lei no monte Karkom

Do mesmo modo, o mistério do monte Horebe, onde Moisés recebeu os Dez Mandamentos, parece que está começando a ser desvendado pela ciência. No monte Sinai, onde monges do cristianismo primitivo imaginavam ter ocorrido a revelação de Deus, os arqueólogos nunca encontraram qualquer vestígio da presença de 600.000 homens. Em contrapartida, porém, ao pé do monte Karkom, localizado na região fronteiriça egípcio-israelense, foram encontrados os restos de um grande acampamento, as ruínas de um altar e de doze colunas de pedra. Essa concordância com a descrição no livro de Êxodo (Êx 24.4) provaria, segundo citação dos cientistas na BBC, que o povo de Israel realmente esteve por um certo tempo no deserto". (Idea Spektrum, 8/2000)

Não há dúvida de que os relatos bíblicos são corretos. Lemos no Salmo 119.160: "As tuas palavras são em tudo verdade desde o princípio, e cada um dos teus justos juízos dura para sempre." Nosso Senhor Jesus confirmou a veracidade de toda a Palavra de Deus ao orar: "Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade" (Jo 17.17). Nessa ocasião já existiam os escritos do Antigo Testamento, portanto, Jesus confirmou todo o Antigo Testamento, a partir do livro de Gênesis, como sendo a verdade divina.

No Egito, Israel tornou-se um grande povo, exatamente como Deus havia prometido a Abraão séculos antes (Gn 12.1-3). Quando Israel ainda nem existia como nação, Deus já disse a Abraão: "Sabe, com certeza, que a tua posteridade será peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos. Mas também eu julgarei a gente a que têm de sujeitar-se; e depois sairão com grandes riquezas" (Gn 15.13-14). Foi o que aconteceu com exatidão sob a liderança de Moisés alguns séculos mais tarde. Mas por que Israel foi conduzido para fora do Egito? Para tomar posse de uma terra que Deus lhe havia prometido, pois nessa terra deveria nascer como judeu o Salvador Jesus Cristo.

Hoje muitas pessoas não querem crer em Jesus e na Sua obra de salvação, por isso colocam em dúvida a veracidade das histórias bíblicas, pois gostariam de interpretá-las de outra maneira. Mas ninguém o conseguiu até hoje, pois continuamente são encontradas novas provas que confirmam a exatidão dos relatos bíblicos. Como poderia ser diferente, se o texto original da Bíblia foi inspirado pelo próprio Deus?

Muitas falsas doutrinas, ideologias e teorias têm sua origem em uma postura contrária a Deus. Karl Marx e Friedrich Engels, por exemplo, odiavam tudo que dizia respeito a Deus. Charles Darwin também rejeitava a Deus. Ele desenvolveu a teoria da evolução porque tinha se afastado conscientemente de Deus. Evidentemente, quando se faz isso, precisa-se buscar uma nova explicação para tudo o que existe visivelmente. Mas o pensamento lógico já nos diz que aquilo que nossos olhos vêem não pode ter surgido por si mesmo. Peter Moosleitner (que por muitos anos foi redator-chefe da popular revista científica alemã PM) acertou em cheio ao afirmar: "Tomemos a explosão inicial, talvez há 16 bilhões de anos – ali reinavam condições que conseguiam reunir, num espaço do tamanho da ponta de uma agulha, tudo o que forma o Universo. Então, esse ponto se expandiu. Segundo essa concepção, temos duas alternativas: (1) Paramos de perguntar pelas origens do Universo. (2) Se existe algo capaz de colocar o Universo inteiro na ponta de uma agulha, como poderei chamá-lo, a não ser de Deus?"

Mas, na verdade Deus é infinitamente maior! Ele criou tudo a partir do nada, através de Sua Palavra, e isso não aconteceu há bilhões de anos, mas há cerca de 6000 anos atrás, em apenas seis dias. Hebreus 11.3 diz: "Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem." A Palavra de Deus não é apenas absoluta verdade e absolutamente poderosa, ela também salva por toda a eternidade, concede vida eterna, livra do juízo, e vence até a própria morte. Jesus Cristo diz: "Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida" (Jo 5.24)

A FINALIDADE DA CRUZ


Antigo batistério no deserto do Neguev.

"Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim..."
(Gl 2.19b-20).

A ilusão do "símbolo" do cristianismo

Os elementos anticristãos do mundo secular dariam tudo para conseguir eliminar manifestações públicas da cruz. Ainda assim, ela é vista no topo das torres de dezenas de milhares de igrejas, nas procissões, sendo freqüentemente feita de ouro e até ornada com pedras preciosas. A cruz, entretanto, é exibida mais como uma peça de bijuteria ao redor do pescoço ou pendurada numa orelha do que qualquer outra coisa. É preciso perguntarmos através de que tipo estranho de alquimia a rude cruz, manchada do sangue de Cristo, sobre a qual Ele sofreu e morreu pelos nossos pecados se tornou tão limpa, tão glamourizada.

Não importa como ela for exibida, seja até mesmo como joalheria ou como pichação, a cruz é universalmente reconhecida como símbolo do cristianismo – e é aí que reside o grave problema. A própria cruz, em lugar do que nela aconteceu há 19 séculos, se tornou o centro da atenção, resultando em vários erros graves. O próprio formato, embora concebido por pagãos cruéis para punir criminosos, tem se tornado sacro e misteriosamente imbuído de propriedades mágicas, alimentando a ilusão de que a própria exibição da cruz, de alguma forma, garante proteção divina. Milhões, por superstição, levam uma cruz pendurada ao pescoço ou a tem em suas casas, ou fazem "o sinal da cruz" para repelir o mal e afugentar demônios. Os demônios temem a Cristo, não uma cruz; e qualquer um que não foi crucificado juntamente com Ele, exibe a cruz em vão.

A "palavra da cruz": poder de Deus

Paulo afirmou que a "palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus" (1 Co 1.18). Assim sendo, o poder da cruz não reside na sua exibição, mas sim na sua pregação; e essa mensagem nada tem a ver com o formato peculiar da cruz, e sim com a morte de Cristo sobre ela, como declara o evangelho. O evangelho é "o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê" (Rm 1.16), e não para aqueles que usam ou exibem, ou até fazem o sinal da cruz.

O que é esse evangelho que salva? Paulo afirma explicitamente: "venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei... por ele também sois salvos... que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras" (1 Co 15.1-4). Para muitos, choca o fato do evangelho não incluir a menção de uma cruz. Por quê? Porque a cruz não era essencial à nossa salvação. Cristo tinha que ser crucificado para cumprir a profecia relacionada à forma de morte do Messias (Sl 22), não porque a cruz em si tinha alguma ligação com nossa redenção. O imprescindível era o derramamento do sangue de Cristo em Sua morte como prenunciado nos sacrifícios do Antigo Testamento, pois "sem derramamento de sangue não há remissão" (Hb 9.22); "é o sangue que fará expiação em virtude da vida" (Lv 17.11).

Não dizemos isso para afirmar que a cruz em si é insignificante. O fato de Cristo ter sido pregado numa cruz revela a horripilante intensidade da maldade inata ao coração de cada ser humano. Ser pregado despido numa cruz e ser exibido publicamente, morrer lentamente entre zombarias e escárnios, era a morte mais torturantemente dolorosa e humilhante que poderia ser imaginada. E foi exatamente isso que o insignificante ser humano fez ao seu Criador! Nós precisamos cair com o rosto em terra, tomados de horror, em profundo arrependimento, dominados pela vergonha, pois não foram somente a turba sedenta de sangue e os soldados zombeteiros que O pregaram à cruz, mas sim nossos pecados!

A cruz revela a malignidade do homem e o amor de Deus

Assim sendo, a cruz revela, pela eternidade adentro, a terrível verdade de que, abaixo da bonita fachada de cultura e educação, o coração humano é "enganoso... mais do que todas as cousas, e desesperadamente corrupto" (Jr 17.9), capaz de executar o mal muito além de nossa compreensão, até mesmo contra o Deus que o criou e amou, e que pacientemente o supre. Será que alguém duvida da corrupção, da maldade de seu próprio coração? Que tal pessoa olhe para a cruz e recue dando uma reviravolta, a partir de seu ser mais interior! Não é à toa que o humanista orgulhoso odeia a cruz!

Ao mesmo tempo que a cruz revela a malignidade do coração humano, entretanto, ela revela a bondade, a misericórdia e o amor de Deus de uma maneira que nenhuma outra coisa seria capaz. Em contraste com esse mal indescritível, com esse ódio diabólico a Ele dirigido, o Senhor da glória, que poderia destruir a terra e tudo o que nela há com uma simples palavra, permitiu-se ser zombado, injuriado, açoitado e pregado àquela cruz! Cristo "a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz" (Fp 2.8). Enquanto o homem fazia o pior, Deus respondia com amor, não apenas Se entregando a Seus carrascos, mas carregando nossos pecados e recebendo o castigo que nós justamente merecíamos.

A cruz prova que existe perdão para o pior dos pecados

Existe, ainda, um outro sério problema com o símbolo, e especialmente o crucifixo católico que exibe um Cristo perpetuamente pendurado na cruz, assim como o faz a missa. A ênfase está sobre o sofrimento físico de Cristo como se isso tivesse pago os nossos pecados. Pelo contrário, isso foi o que o homem fez a Ele e só podia nos condenar a todos. Nossa redenção aconteceu através do fato de que Ele foi ferido por Jeová e "sua alma [foi dada] como oferta pelo pecado" (Is 53.10); Deus fez "cair sobre ele a iniqüidade de nós todos" (Is 53.6); e "carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados" (1 Pe 2.24).

A morte de Cristo é uma evidência irrefutável de que Deus precisa, em Sua justiça, punir o pecado, que a penalidade precisa ser paga, caso contrário não pode haver perdão. O fato de que o Filho de Deus teve que suportar a cruz, mesmo depois de ter clamado a Seu Pai ao contemplar em agonia o carregar de nossos pecados ["Se possível, passe de mim este cálice!" (Mt 26.39)], é prova de que não havia outra forma de o ser humano ser redimido. Quando Cristo, o perfeito homem, sem pecado e amado de Seu Pai, tomou nosso lugar, o juízo de Deus caiu sobre Ele em toda sua fúria. Qual deve ser, então, o juízo sobre os que rejeitam a Cristo e se recusam a receber o perdão oferecido por Ele! Precisamos preveni-los!

Ao mesmo tempo e no mesmo fôlego que fazemos soar o alarme quanto ao julgamento que está por vir, precisamos também proclamar as boas notícias de que a redenção já foi providenciada e que o perdão de Deus é oferecido ao mais vil dos pecadores. Nada mais perverso poderia ser concebido do que crucificar o próprio Deus! E ainda assim, foi estando na cruz que Cristo, em seu infinito amor e misericórdia, orou: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc 23.34). Assim sendo, a cruz também prova que existe perdão para o pior dos pecados, e para o pior dos pecadores.

Cuidado: não anule a cruz de Cristo!

A grande maioria da humanidade, entretanto, tragicamente rejeita a Cristo. E é aqui que enfrentamos outro perigo: é que em nosso sincero desejo de vermos almas salvas, acabamos adaptando a mensagem da cruz para evitar ofender o mundo. Paulo nos alertou para tomarmos cuidado no sentido de não pregar a cruz "com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de Cristo" (1 Co 1.17). Muitos pensam: "É claro que o evangelho pode ser apresentado de uma forma nova, mais atraente do que o fizeram os pregadores de antigamente. Quem sabe, as técnicas modernas de embalagem e vendas poderiam ser usadas para vestir a cruz numa música ou num ritmo, ou numa apresentação atraente assim como o mundo comumente faz, de forma a dar ao evangelho uma nova relevância ou, pelo menos, um sentido de familiaridade. Quem sabe poder-se-ia lançar mão da psicologia, também, para que a abordagem fosse mais positiva. Não confrontemos pecadores com seu pecado e com o lado sombrio da condenação do juízo vindouro, mas expliquemos a eles que o comportamento deles não é, na verdade, culpa deles tanto quanto é resultante dos abusos dos quais eles têm sido vitimados. Não somos todos nós vítimas? E Cristo não teria vindo para nos resgatar desse ato de sermos vitimados e de nossa baixa perspectiva de nós mesmos e para restaurar nossa auto-estima e auto-confiança? Mescle a cruz com psicologia e o mundo abrirá um caminho para nossas igrejas, enchendo-as de membros!" Assim é o neo-evangelicalismo de nossos dias.

Ao confrontar tal perversão, A. W. Tozer escreveu: "Se enxergo corretamente, a cruz do evangelicalismo popular não é a mesma cruz que a do Novo Testamento. É, sim, um ornamento novo e chamativo a ser pendurado no colo de um cristianismo seguro de si e carnal... a velha cruz matou todos os homens; a nova cruz os entretêm. A velha cruz condenou; a nova cruz diverte. A velha cruz destruiu a confiança na carne; a nova cruz promove a confiança na carne... A carne, sorridente e confiante, prega e canta a respeito da cruz; perante a cruz ela se curva e para a cruz ela aponta através de um melodrama cuidadosamente encenado – mas sobre a cruz ela não haverá de morrer, e teimosamente se recusa a carregar a reprovação da cruz."

A cruz é o lugar onde nós morremos em Cristo

Eis o "x" da questão. O evangelho foi concebido para fazer com o eu aquilo que a cruz fazia com aqueles que nela eram postos: matar completamente. Essa é a boa notícia na qual Paulo exultava: "Estou crucificado com Cristo". A cruz não é uma saída de incêndio pela qual escapamos do inferno para o céu, mas é um lugar onde nós morremos em Cristo. É só então que podemos experimentar "o poder da sua ressurreição" (Fp 3.10), pois apenas mortos podem ser ressuscitados. Que alegria isso traz para aqueles que há tempo anelam escapar do mal de seus próprios corações e vidas; e que fanatismo isso aparenta ser para aqueles que desejam se apegar ao eu e que, portanto, pregam o evangelho que Tozer chamou de "nova cruz".

Paulo declarou que, em Cristo, o crente está crucificado para o mundo e o mundo para ele (Gl 6.14). É linguagem bem forte! Este mundo odiou e crucificou o Senhor a quem nós amamos – e, através desse ato, crucificou a nós também. Nós assumimos uma posição com Cristo. Que o mundo faça conosco o que fez com Ele, se assim quiser, mas fato é que jamais nos associaremos ao mundo em suas concupiscências e ambições egoístas, em seus padrões perversos, em sua determinação orgulhosa de construir uma utopia sem Deus e em seu desprezo pela eternidade.

Crer em Cristo pressupõe admitir que a morte que Ele suportou em nosso lugar era exatamente o que merecíamos. Quando Cristo morreu, portanto, nós morremos nEle: "...julgando nós isto: um morreu por todos, logo todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou" (2 Co 5.14-15).

"Mas eu não estou morto", é a reação veemente. "O eu ainda está bem vivo." Paulo também reconheceu isso: "...não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço" (Rm 7.19). Então, o que é que "estou crucificado com Cristo" realmente significa na vida diária? Não significa que estamos automaticamente "mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus" (Rm 6.11). Ainda possuímos uma vontade e ainda temos escolhas a fazer.

O poder sobre o pecado

Então, qual é o poder que o cristão tem sobre o pecado que o budista ou o bom moralista não possui? Primeiramente, temos paz com Deus "pelo sangue da sua cruz" (Cl 1.20). A penalidade foi paga por completo; assim sendo, nós não tentamos mais viver uma vida reta por causa do medo de, de outra sorte, sermos condenados, mas sim por amor Àquele que nos salvou. "Nós amamos porque ele nos amou primeiro" (1 Jo 4.19); e o amor leva quem ama a agradar o Amado, não importa o preço. "Se alguém me ama, guardará a minha palavra" (Jo 14.23), disse o nosso Senhor. Quanto mais contemplamos a cruz e meditamos acerca do preço que nosso Senhor pagou por nossa redenção, mais haveremos de amá-lO; e quanto mais O amarmos, mais desejaremos agradá-lO.

Em segundo lugar, ao invés de "dar duro" para vencer o pecado, aceitamos pela fé que morremos em Cristo. Homens mortos não podem ser tentados. Nossa fé não está colocada em nossa capacidade de agirmos como pessoas crucificadas mas sim no fato de que Cristo foi crucificado de uma vez por todas, em pagamento completo por nossos pecados.

Em terceiro lugar, depois de declarar que estava "crucificado com Cristo", Paulo acrescentou: "logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim" (Gl 2.20). O justo "viverá por fé" (Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38) em Cristo; mas o não-crente só pode colocar sua fé em si mesmo ou em algum programa de auto-ajuda, ou ainda num guru desses bem esquisitos.

A missa: negação da suficiência da obra de Cristo na cruz

Tristemente, a fé católica não está posta na redenção realizada por Cristo de uma vez para sempre na cruz, mas na missa, que, alegadamente, é o mesmo sacrifício como o que foi feito na cruz, e confere perdão e nova vida cada vez que é repetida. Reivindica-se que o sacerdote transforma a hóstia e o vinho no corpo literal e no sangue literal de Cristo, fazendo com que o sacrifício de Cristo esteja perpetuamente presente. Mas não há como trazer um evento passado ao presente. Além do mais, se o evento passado cumpriu seu propósito, não há motivo para querer perpetuá-lo no presente, mesmo que pudesse ser feito. Se um benfeitor, por exemplo, paga ao credor uma dívida que alguém tem, a dívida sumiu para sempre. Seria sem sentido falar-se em reapresentá-la ou reordená-la ou perpetuar seu pagamento no presente. Poder-se-ia lembrar com gratidão que o pagamento já foi feito, mas a reapresentação da dívida não teria valor ou sentido uma vez que já não existe dívida a ser paga.

Quando Cristo morreu, Ele exclamou em triunfo: "Está consumado" (Jo 19.30), usando uma expressão que, no grego, significa que a dívida havia sido quitada totalmente. Entretanto, o novo Catecismo da Igreja Católica diz: "Como sacrifício, a Eucaristia é oferecida como reparação pelos pecados dos vivos e dos mortos, e para obter benefícios espirituais e temporais de Deus" (parágrafo 1414, p. 356). Isso equivale a continuar a pagar prestações de uma dívida que já foi plenamente quitada. A missa é uma negação da suficiência do pagamento que Cristo fez pelo pecado sobre a cruz! O católico vive na incerteza de quantas missas ainda serão necessárias para fazê-lo chegar ao céu.

Segurança para o presente e para toda a eternidade

Muitos protestantes vivem em incerteza semelhante, com medo de que tudo será perdido se eles falharem em viver uma vida suficientemente boa, ou se perderem sua fé, ou se voltarem as costas a Cristo. Existe uma finalidade abençoada da cruz que nos livra dessa insegurança. Cristo jamais precisará ser novamente crucificado; nem os que "foram crucificados com Cristo" ser "descrucificados" e aí "recrucificados"! Paulo declarou: "porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus" (Cl 3.3). Que segurança para o presente e para toda a eternidade!

HUMILDADE

A Bênção da Humildade

A revista alemã "Focus" publicou uma reportagem sobre o tema "Eu, eu, eu". Ela tratava do culto ao eu – que aumenta cada vez mais em meio à nossa população – no qual cada um se considera cada vez mais importante. Cresce a sociedade que quer levar vantagem em tudo, que não recua diante de nenhum meio para alcançar seus objetivos. É indiferente se outros têm de sofrer com isso – o que importa é que se consiga o primeiro lugar. Um dos lemas em curso entre a juventude é: "Eu sou mais eu".

Também esta é mais uma prova de que a Palavra de Deus é confiável, pois ela diz o seguinte acerca dos "últimos dias": "E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos" (Mt 24.12). Quem não cuida e não vigia, torna-se cada vez mais egoísta e nem o nota, mesmo sendo cristão. O egocentrismo, o culto ao eu se infiltra onde a Palavra de Deus é deixada de lado – e com isso é deixado de lado o relacionamento íntimo com Jesus Cristo. David H. Stern traduz essa passagem muito acertadamente da seguinte maneira: "O amor de muitas pessoas esfriará porque a Torá se afasta cada vez mais delas" (Novo Testamento judaico). Não se convive mais com a Sagrada Escritura. Mas é só através do contato com a Palavra de Deus, através do amor do Espírito Santo e da comunhão com Jesus Cristo que adquirimos a capacidade de sermos humildes.

Satanás abandonou a Palavra de Deus por seu orgulho sem limites – e caiu. Igualmente cristãos que não mais são dirigidos pela Palavra de Deus e pelo Seu Espírito Santo se tornam vítimas do orgulho. Tornam-se ambiciosos e se acham cada vez mais importantes – e a causa de Jesus é empurrada para segundo plano.

No Evangelho de Lucas um acontecimento nos mostra como o orgulho se manifesta e quais as suas conseqüências: "Reparando como os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhe uma parábola: Quando por alguém fores convidado para um casamento, não procures o primeiro lugar; para não suceder que, havendo um convidado mais digno do que tu, vindo aquele que te convidou e também a ele, e te diga: Dá o lugar a este. Então irás, envergonhado, ocupar o último lugar. Pelo contrário, quando fores convidado, vai tomar o último lugar; para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, senta-te mais para cima. Ser-te-á isto uma honra diante de todos os mais convivas. Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado" (Lc 14.7-11).

O Senhor nota quando somos orgulhosos

"Reparando como os convidados escolhiam os primeiros lugares..." O orgulho é uma coisa que nós, como filhos de Deus, não gostamos de expor publicamente, pois sabemos que é constrangedor quando é notado.

O orgulho começa no coração. O orgulho é algo sorrateiro, que entra devagarinho em nosso coração, mudando nossa motivação e mudando a base de nosso querer e de nosso agir. Em geral não usamos de violência para chegar mais à frente. Tudo começa muito sutilmente, nos insinuamos com cuidado. Fazemos um jogo duplo com outros, colocando o olho nos melhores lugares.

O Senhor olha diretamente para dentro do coração e fala: "A soberba do teu coração te enganou..." (Ob 1.3).

Não creio que as pessoas da nossa história foram derrubando cadeiras e mesas para chegarem à frente e alcançarem os melhores lugares. Provavelmente eles foram cuidadosos e educados, mas agiram com um alvo em vista, que era o de ocupar o lugar de honra. Mas o Senhor o notou! Pensemos nisso: o primeiro que descobre orgulho em nossa vida é o Senhor – e Sua reação não se fará esperar. Ele olha diretamente para dentro do coração e fala: "A soberba do teu coração te enganou..." (Ob 1.3).

Orgulho não é coisa pequena

Poderia-se dizer que o que aconteceu aqui é uma bagatela da qual nem vale a pena falar. Tentar conseguir o melhor lugar em uma mesa não é muito bonito, mas também não é tão trágico assim; certamente existe orgulho pior. Mas o fato de Jesus ter notado o acontecido e de ter comentado a respeito mostra claramente como o orgulho é terrível aos olhos de Deus. Por quê?

1- Porque o orgulho procede de um cristianismo sem cruz

Em Filipenses 2.5-8 encontramos um padrão para nossa mentalidade e para nossas intenções: "Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz." Sua humilhação consistiu em não exigir o que era direito Seu. Ao invés de insistir em Sua semelhança com Deus, Ele humilhou-se a Si mesmo. Ele, diante de cuja palavra o Universo se abala; Ele, que é adorado e exaltado por todos os anjos criados; Ele, que não é criatura mas o próprio Criador – Ele se humilhou, sim, "tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz." Essa mentalidade que Jesus Cristo possuía é esperada de nós também. E quem não tem essa mentalidade não vive com a cruz e com o Crucificado, mas é contrário à cruz de Cristo. Uma pessoa assim, no fundo, é inimiga da cruz de Cristo por continuar sendo orgulhosa.

2- Porque o orgulho tem sua origem nas mais terríveis profundezas, ou seja, no próprio diabo

Satanás queria ser como Deus: "...subirei acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo".

Nele nasceu o orgulho: "Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades no Norte" (Is 14.13). Satanás queria ser como Deus: "...subirei acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo" (v. 14). Por isso o orgulho é tão terrível diante dos olhos de Deus e é condenado por Deus desde sua menor raiz.

3- Porque o orgulho provém da falta de temor de Deus

Em Provérbios 8.13 está escrito: "O temor do Senhor consiste em aborrecer o mal; a soberba, a arrogância, o mau caminho, e a boca perversa, eu os aborreço." O resultado da falta de temor de Deus sempre é o desprezo do nosso próximo, com uma valorização acentuada de si mesmo. Assim, os fariseus e escribas daquela época escolheram para si os melhores lugares à mesa. Onde os outros iriam sentar era indiferente para eles.

Hoje igualmente a falta de temor de Deus cresce ao ponto de chegar a um ódio pelos outros. Pessoas orgulhosas têm dificuldades em se relacionar com os outros e estão sempre prontas para brigar. Pois o orgulhoso tenta alcançar seus próprios alvos mesmo às custas da união. Por isso somos exortados tão seriamente: "Nada façais por partidarismo, ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo" (Fp 2.3).

4- Porque o orgulho sempre traz consigo a queda

Provérbios 16.18 diz: "A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda." A Bíblia Viva diz: "A desgraça está um passo depois do orgulho; logo depois da vaidade vem a queda." Isso combina exatamente com o que o Senhor Jesus diz em Lucas 14.8-9: "Quando por alguém fores convidado para um casamento, não procures o primeiro lugar; para não suceder que, havendo um convidado mais digno do que tu, vindo aquele que te convidou e também a ele, te diga: Dá o lugar a este. Então irás, envergonhado, ocupar o último lugar." Na prática, o orgulho não nos leva a sermos mais reconhecidos e importantes no Reino de Deus, mas acontece exatamente o contrário: quando somos orgulhosos, somos cada vez menos importantes para o Reino de Deus, até ao ponto de sermos totalmente desqualificados.

Quem se considera muito importante como candidato a obreiro no Reino de Deus, facilmente pode ser degradado ao patamar de um jumento, o que pode ser ilustrado com muito acerto com o seguinte episódio: certa vez um seminarista, muito convencido e cheio de si, falou a um servo de Deus: "Deus precisa de mim. Quero servi-lO." O servo de Deus respondeu: "Jesus só falou uma vez que precisava de alguém – e esse alguém era um jumento" (comp. Mc 11.3).

Quem se considera muito importante como candidato a obreiro no Reino de Deus, facilmente pode ser degradado ao patamar de um jumento.

Muitas vezes o orgulho não produz uma ampliação nos horizontes, uma expansão no ministério para o Senhor, como os orgulhosos muitas vezes pensam e querem, mas exatamente o contrário: eles se tornam imprestáveis para o serviço cristão e se tornam pequenos no Reino de Deus. A Bíblia diz em 2 Coríntios 10.18: "Porque não é aprovado quem a si mesmo se louva, e, sim, aquele a quem o Senhor louva."

Por Jesus ter se humilhado tanto na cruz, "...Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome" (Fp 2.9). E exatamente este mesmo princípio Jesus reafirmou em Lucas 14.11: "Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado."

5- Porque a humilhação vem, muitas vezes, por meio de outras pessoas

É disso que o Senhor fala em Lucas 14.8b-9: "...para não suceder que, havendo um convidado mais digno do que tu, vindo aquele que te convidou e também a ele, te diga: Dá o lugar a este. Então irás, envergonhado, ocupar o último lugar." Mesmo que o orgulho esteja relativamente escondido e se manifeste em segredo, um dia ele aparece e a humilhação se torna do conhecimento de todos. Meio que sorrateiramente, sem chamar muita atenção, alguns convidados se assentaram nos melhores lugares. Mas quando o anfitrião mandou que eles tomassem os lugares inferiores, todos ficaram sabendo.

É curioso observar que as pessoas orgulhosas são, muitas vezes, humilhadas exatamente por aquelas pessoas que elas queriam adular e agradar. No reino de Assuero, por exemplo, um certo Hamã gozava de todos os privilégios possíveis concedidos pelo rei (Et 3.1). Mas tão logo, através de Ester, sua esposa judia, Assuero ficou sabendo dos planos e das intenções orgulhosas de Hamã (ele queria enforcar o judeu Mardoqueu, por não o bajular, e queria mandar matar todos os judeus em um dia pré-determinado), iniciou-se a queda de Hamã de uma maneira que ninguém conseguiria deter: Hamã acabou enforcado juntamente com seus filhos (Et 7.10; 9.25).

6- Porque o orgulho produz insegurança

Muitas vezes as pessoas que têm uma tendência ao orgulho se mostram muito seguras de si, mas, na verdade, elas são movidas por uma estranha insegurança. Elas não estão firmes, não sabem qual o melhor caminho para si e não são confiáveis nas coisas espirituais. E isso acontece porque elas estão em um falso caminho, e porque no fundo de seu coração sabem que podem cair de onde se encontram: "Pois todo o que se exalta será humilhado..."

7- Porque só as pessoas humildes são íntimas do Senhor

Lucas 14.10 diz: "Pelo contrário, quando fores convidado, vai tomar o último lugar; para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, senta-te mais para cima. Ser-te-á isto uma honra diante de todos os mais convivas." No início dizíamos que os orgulhosos levam uma vida que passa longe da cruz de Cristo, até contrária ao Senhor, e que os humildes, ao contrário, têm uma vida com Cristo em seu centro; essas pessoas vivem da Sua Palavra e têm a mentalidade do Senhor. Por isso, na parábola que estamos tratando, só o convidado humilde é chamado de "amigo": "Amigo, senta-te mais para cima." O Senhor não disse: "Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando"(Jo 15.14)?!

Só os humildes têm suas fronteiras ampliadas, só os humildes são exaltados. Por quê? Porque eles têm a mesma mentalidade que o seu Mestre. Ele disse: "Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado" (Lc 14.11).

O caminho para a verdadeira humildade

Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro em meu coração está a tua lei.

Só através de muita oração, e não através do simples pedido: "Senhor, humilha-me!" é que chegamos à humildade; somente através de uma decisão consciente de nossa vontade, que se transforma em ação, é que chegamos à humildade verdadeira. Jesus Cristo humilhou-se a si mesmo, pois a Bíblia diz: "...a si mesmo se humilhou" (Fl 2.8). Ele disse: "...agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro em meu coração está a tua lei" (Sl 40.8).

Na nossa parábola, o Senhor mostra como se pratica a humildade:

– "...não procures o primeiro lugar..." (Lc 14.8);

– "...vai tomar o último lugar..." (v. 10);

– "... o que se humilha..." (v. 11).

É imprescindível assumir uma atitude como João Batista teve, quando disse, olhando para Jesus: "Convém que ele cresça e que eu diminua" (Jo 3.30). É por isso que João Batista era tão grande aos olhos de Deus. O Senhor testemunhou acerca dele: "Entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João" (Lc 7.28). Por isso é tão necessário eleger diariamente o caminho da humildade e ficar nele: "Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte" (1 Pe 5.6). Amém.

EU EDIFICAREI A MINHA IGREJA

Cristo nasceu "Rei dos Judeus" (Mateus 2.2), foi chamado "Rei de Israel" e "Rei dos Judeus" (Mateus 27.11; Marcos 15.2, etc.), e admitiu tanto um como outro título (João 1.49-50; 12.12-15). Não abdicou o direito ao trono de Davi, embora seu próprio povo (como fora predito pelos profetas), O "desprezasse e rejeitasse" (Isaías 53.3), e O crucificasse (Salmos 22.12-18; Isaías 53.5, 8-10; Zacarias 12.10). Os quatro evangelhos declaram que a epígrafe "O Rei dos Judeus" foi a acusação colocada na cruz (Mateus 27.37; Marcos 15.26; Lucas 23.38; João 19.19). Eis como Marcos relata a rejeição de seu Rei pelo povo de Israel e lhe reclama a crucificação: "E Pilatos lhes respondeu, dizendo: Quereis que eu vos solte o rei dos judeus?... Mas estes incitaram a multidão no sentido de que lhes soltasse, de preferência, Barrabás. Mas Pilatos lhes perguntou: Que farei, então, deste a quem chamais o rei dos judeus? Eles, porém, clamavam: Crucifica-o!" (Marcos 15.9-13).

Os profetas hebreus profetizaram que Cristo ressurgiria dos mortos e que viria estabelecer o reino que jamais teria fim (1 Reis 2.45; 9.5; Isaías 9.7; 53.10; Jeremias 17.25; Daniel 2.34-35; 44-45; 7.14, etc.). Ao ressurgir dos mortos e ascender à mão direita do Pai, Cristo cumpriu somente a primeira parte das profecias, e se o restante delas deve ser cumprido (e isso tem de acontecer, pois Deus não mente), então haverá uma restauração futura do Reino de Israel, como os discípulos acreditavam (Atos 1.6), como afirmou Pedro (Atos 3.19-26) e mesmo Cristo o admitiu (Atos 1.6-7). As Escrituras predizem com freqüência o arrependimento, a redenção e a restauração de Israel (Ezequiel 39; Zacarias 12,13,14; Atos 5.31, etc.). Paulo orou pela salvação de Israel (Romanos 10.1) e declarou que "Todo o Israel será salvo" (Romanos 11.26).

Se os muçulmanos e demais nações do mundo compreendessem as profecias concernentes ao direito de Israel à sua terra, respeitando-as e honrando a Deus que lhe concedeu a terra, haveria paz no Oriente Médio e também no mundo. Mas, ao contrário disso, eles insistem no desejo de varrer Israel da face da terra, o que levará Cristo a intervir dos céus para socorrer Israel no Armagedom e destruir o anticristo, seus seguidores e seu reino. Até mesmo Israel, em sua maioria não crê que Deus lhe tenha dado a terra e está negociando-a através de uma "paz" falsa com um inimigo que jurou exterminá-lo.

Cristo edifica Sua Igreja

Sabendo que Israel O rejeitaria e O crucificaria, Cristo disse que edificaria uma nova entidade, a Igreja. A palavra "igreja" ou "igrejas" (ekklesia no grego, significa "chamados para fora"), ocorre cerca de 114 vezes no Novo Testamento. Não há no Velho Testamento palavra hebraica traduzida por "igreja". Referindo-se a Israel, as palavras mais comparáveis no hebraico são edah, mowed e qahal, cuja tradução é "assembléia" ou "congregação". Enquanto Atos 7.38 refere-se "à ‘igreja’ [congregação de Israel] no deserto", a Bíblia faz uma clara distinção entre Israel e a Igreja do Novo Testamento, constituída tanto de gentios como de judeus e que não existia antes da morte e da ressurreição de Cristo. Foi estabelecida por Ele e para Ele que, mesmo até agora, continua a edificá-la: "Edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mateus 16.18).

Temos aqui uma óbvia reivindicação de Cristo de que Ele é Deus. Israel foi escolhido por Deus. Quem, então, senão Deus mesmo, poderia estabelecer uma outra congregação de crentes em acréscimo a, e distinta de Israel? A afirmação de Cristo em relação à Igreja é semelhante ao que Ele disse aos judeus "que creram nele", e tem as mesmas implicações sérias: "Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (João 8.31-32).

Os judeus devem ter ficado pasmos. Como Ele ousara dizer termos tais como: "minha palavra", "meus discípulos", ou afirmar ter poder para libertar os Seus seguidores? Não era a palavra de Deus que eles deveriam seguir, e não eram eles discípulos de Moisés? Com estas prerrogativas, não queria Ele ser maior que Moisés ou até mesmo igual a Deus? Qualquer que fosse o sentido dos termos "Seu discípulo", Ele estava, obviamente, começando algo novo.

Distinções entre Israel e a Igreja

1. A Igreja não substitui Israel

Entretanto, ninguém imaginava que este operador de milagres tivesse em vista prescindir de Israel e o substituir por uma outra entidade. Essa heresia provém do catolicismo romano, e muitos reformadores foram incapazes de se libertar dela, apesar de compreenderem claramente a salvação pela graça através da fé. A crença de que a Igreja substitui Israel continua ainda hoje entre os católicos romanos, mas também entre muitos evangélicos.

No seu início a Igreja era composta só de crentes judeus. Eles tinham dificuldade de acreditar que os gentios também podiam ser salvos por Cristo e fazer parte da Igreja, mesmo tendo os profetas do Velho Testamento feito tal afirmação (Salmos 72.11, 17; Isaías 11.10; 42.1-6; 49.6; Malaquias 1.11, etc.). Até mesmo depois de compreendido o "mistério" revelado por Paulo de "que os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho" (Efésios 3.6), alguns deles tentaram sujeitar os gentios às suas leis judaicas. Na verdade, estavam erroneamente fazendo da Igreja uma extensão de Israel (Atos 15.1).

Os gentios são "separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo" (Efésios 2.12). Quando um gentio é salvo e acrescentado por Cristo como uma "pedra viva" à Igreja em construção (1 Pedro 2.5), não está sob as leis judaicas e os costumes da Antiga Aliança. E quando um judeu é salvo e acrescentado à Igreja, está livre da lei judaica ("lei do pecado e da morte") e de suas penalidades (Romanos 8.1). Tanto um como o outro, que pela fé entraram para a Igreja, estão dali em diante sob uma lei superior "a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus" (Romanos 8.2). De fato, Cristo tornou-se sua vida, expressando através deles este novo padrão de sã conduta – algo desconhecido de Israel, até mesmo de seus grandes profetas (1 Pedro 1.10-12).

2. A Igreja – Corpo de Cristo

Ninguém pode por si mesmo introduzir-se nesse templo sagrado; só Cristo poderá fazê-lo. As pedras vivas, que Ele está juntando umas às outras para formar o templo eterno, não desabam e nem se desintegram de sua estrutura. Estamos em Cristo e eternamente seguros.

A Igreja é o corpo de Cristo e por Ele é nutrida. Os crentes são chamados de ramos na videira verdadeira num fluir contínuo da vida dEle para os crentes. Cristo é a cabeça do corpo, que é, portanto, por Ele dirigido e não por um sacerdócio ou qualquer outra hierarquia de homens em sedes na terra. A sede da Igreja está nos céus. No entanto, as denominações (e demais seitas) de hoje têm as suas sedes e as suas tradições e tornaram-se em organizações, ao invés de se contentarem em fazer parte do organismo, o corpo de Cristo.

Na Igreja "não pode haver judeu nem grego [gentio]... porque todos vós sois um em Cristo" (Gálatas 3.28). Os gentios não se tornam judeus, mas judeu e gentio tornaram-se "um novo homem" (Efésios 2.15). Na cruz, Cristo "aboliu" as "ordenanças" que separavam judeu e gentio. Daí podermos afirmar com toda certeza que os gentios não têm de se submeter àquelas "ordenanças". Tentar fazê-lo é abominação e forçar algo que Deus aboliu.

3. Fé no Sacrifício de Cristo – Meio de Salvação

A carta de Paulo aos Gálatas foi escrita com o intuito de corrigir o erro de que a salvação é em parte por Cristo e em parte pelas obras. A salvação por obras é o erro de toda e qualquer seita, e o catolicismo romano desenvolveu ao máximo o seu sistema de ritual religioso e também das obras. Em todas as suas epístolas, Paulo volta ao tema de que a salvação é totalmente pela graça e nenhum pouco por obras. Nisto reside a principal diferença entre Israel e a Igreja: para o primeiro, a vida eterna seria obtida pela observância da lei, e para a Igreja, vem unicamente pela fé.

Na Antiga Aliança, a vida era oferecida ao justo que guardava a lei: "faça isto e viverá" (Deuteronômio 8.1; Lucas 10.28). Entretanto, ninguém conseguiu guardar a lei, pois todos pecaram (Romanos 3.23). Sob a Nova Aliança (disponível desde Adão), "ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça" (Romanos 4.5). Por orgulho o homem insiste em se tornar justo por si próprio – uma tarefa impossível. Paulo lamentava o fato de que, embora o seu povo Israel "tivesse zelo por Deus", todavia, "desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus" (Romanos 10.3) pela Nova Aliança. O mesmo acontece com todas as seitas. O catolicismo romano, por exemplo, tenta (através dos sacramentos, das penitências e das obras), tornar os seus membros justos o bastante para entrar nos céus. É o mesmo pecado do fariseu que se julgava justo diante de Deus, e não foi ouvido; enquanto que o publicano, reconhecendo o seu vil estado, foi justificado (Lucas 18.10-14).

Para ser salvo (com algumas exceções), ter-se-ia que pertencer a Israel, mas para pertencer à Igreja é preciso ser salvo (sem exceção). A Igreja não é um veículo de salvação. Crer que ela o seja constitui-se em erro crucial, e a maioria das seitas assim o afirma, como os mórmons e católicos romanos. Pois, para eles, é através da sua igreja que vem a salvação. Na realidade, a salvação é para os que estão fora da Igreja e só, então, poderá alguém tornar-se parte dela.

A salvação sempre foi, e ainda é, a mesma para judeus como para gentios. Mas os planos de Deus para Israel são diferentes dos para a Igreja. Os judeus (como os gentios), que crerem em Cristo antes de Sua segunda vinda (quando Ele se fizer conhecido a Israel, o qual será todo salvo), fazem parte da Igreja. Os judeus que virem a crer em Cristo quando Ele aparecer e os livrar no meio do Armagedom, continuarão na terra no reino milenar e Cristo reinará sobre eles no trono de Davi. Muitos gentios também serão salvos nessa época, mas "todo o Israel será salvo" (Romanos 11.26).

O problema da igreja da Galácia continua (em variados graus) dentro de alguns grupos denominados hebraico-cristãos ou congregações messiânicas. Há uma freqüente tendência (até mesmo entre os gentios), de se imaginar que um retorno aos costumes judaicos contribui para maior santidade. Reverencia-se tradições extra-bíblicas, como por exemplo, a cerimônia seder na páscoa, como se fossem inspiradas por Deus. Somente as Escrituras devem ser o nosso guia, a ponto de excluir as tradições humanas condenadas por Cristo (Mateus 15.1-9; Marcos 7.9-13), e também pelos apóstolos (Gálatas 1.13-14; Colossenses 2.8; 1 Pedro 1.18). Tanto dentro do catolicismo como do protestantismo, as tradições têm se desenvolvido no curso dos séculos e levado a um erro maior.

Devemos nos lembrar de que Cristo sempre pretendeu que a Igreja fosse algo novo e diferente de Israel. Ela não partilharia e nem interferiria nas promessas divinas concernentes a Seu povo aqui na terra, e tais promessas serão cumpridas no devido tempo. As ordenanças religiosas feitas a Israel seriam também separadas da Igreja. Aqui, novamente as seitas se desviaram.

O mormonismo, por exemplo, alega ter tanto o sacerdócio araônico como o de Melquisedeque. O catolicismo romano, por sua vez, advoga ter um sacerdócio sacrificial em que Cristo continua a ser oferecido como sacrifício no altar. Na Igreja, ao contrário disso, cada crente é um sacerdote (1 Pedro 2.9), e os sacrifícios oferecidos são "sempre sacrifícios de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome" e "a prática do bem" (Hebreus 13.15-16).

Na verdade, não há mais qualquer sacrifício propiciatório a ser oferecido para o perdão dos pecados. Isto foi possibilitado à Igreja pelo sacrifício único de Cristo na cruz; o qual não mais se repete porque Ele pagou por completo a penalidade que a justiça de Deus exigia, e isto foi possível por ser Deus "justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus" (Romanos 3.26). Conseqüentemente, "já não há oferta pelo pecado" (Hebreus 10.18).

Israel rompeu a aliança que Deus tinha feito com ele, demonstrando assim que "ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado" (Romanos 3.20). Seu sistema de sacrifício não podia remover pecados, mas apontava para o único "Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (João 1.29), e predizia o estabelecimento de "uma nova aliança" com Israel (Jeremias 31.31). O sacrifício de animais abria o caminho para o sumo sacerdote judeu no santuário terreno e este santuário foi feito conforme o modelo da realidade celestial (Hebreus 9.1-10). Quando Cristo morreu na cruz, "o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo" (Marcos 15.38), pondo fim ao sacrifício de animais. Agora temos "Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus" (Hebreus 4.14), que, "pelo seu próprio sangue... [obteve] eterna redenção" (Hebreus 9.12,24).

4. As promessas a Israel diferem das promessas para a Igreja

Israel recebeu a terra (Gênesis 12.1; 13.15; 15.18-21; 17.7-8; 26.3-4; 28.13-14; Levítico 20.24; 25.23, etc.), à qual seu destino está ligado e jamais deixará de existir (Jeremias 31.35-40). Numerosas profecias prometem a Israel a restauração na sua terra, com o Messias reinando no trono de Davi por ocasião de Sua volta (2 Samuel 7.10-16; 1 Reis 9.5; Isaías 9.6-7; Ezequiel 34.23-24; 37.24-25; Lucas 1.31-33, etc.). É clara a promessa de que Deus derramará do Seu Espírito sobre o Seu povo escolhido que, depois disso, jamais manchará novamente o Seu santo nome, e Ele não mais esconderá de Israel o Seu rosto (Ezequiel 39.7; 22, 27-29; Zacarias 8.13-14).

Israel deve permanecer para sempre (Jeremias 31.35-38), caso contrário as profecias bíblicas e as promessas de Cristo não se cumpririam. Cristo faz menção da existência das cidades de Israel ainda por ocasião de Sua segunda vinda (Mateus 10.23), o que prova que a Igreja não substituiu Israel. Além dessas provas, uma outra (ainda que desnecessária), é que Cristo prometeu aos Seus discípulos que eles reinariam com Ele sobre Israel no Seu reino milenar (Mateus 19.28; Lucas 23.30). A Igreja não pode cumprir as profecias que foram feitas a Israel; ela nunca pertenceu a uma terra específica de onde tenha sido deportada ou para a qual tenha retornado. Ao contrário, a Igreja é formada "de toda tribo, língua, povo e nação" (Apocalipse 5.9). A sua esperança é ser arrebatada ao céu (João 14.3; 1 Tessalonicenses 4.16-17; etc.), onde estaremos diante do "tribunal de Cristo" (Romanos 14.10; 2 Coríntios 5.10) e então, desposados com o nosso Senhor (Apocalipse 19.7-9), estaremos eternamente com Ele (João 14.3; 1 Tessalonicenses 4.17).

Sendo assim, em amor para com o Noivo e desejosos de vê-lO face a face, menos ocupados com as coisas terrenas, não seguindo homens ou organizações, vivamos para a eternidade. Pela fé, agradeçamos a Cristo, permitindo-Lhe, como Cabeça da Igreja, alimentar-nos, suster-nos, dirigir-nos e viver a Sua vida através de nós para a Sua glória.

PARA QUE SUA VIDA NÃO DESMORONE

Para que Sua Vida Não Desmorone

Referindo-se ao Seu Sermão do Monte, o Senhor Jesus disse: "Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha. E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína" (Mt 7.24-27).

Para que tudo não desabe (como no relato acima) é importante construir a própria vida sobre o fundamento certo, sobre a rocha, que é Cristo.

Naturalmente existem muitos argumentos em favor da areia. A praia é bonita, a paisagem é maravilhosa, dali vê-se o pôr-do-sol. Construindo na areia, é possível poupar muitos esforços e sacrifícios, tempo e dinheiro, pois não se precisa tanto material para construir na praia como se precisaria para construir sobre a rocha, talvez em terreno acidentado. É mais difícil construir uma casa sobre a rocha. Todo o material de construção precisa ser levado até o alto, e é fato conhecido que lançar um fundamento em uma rocha dura é bem mais complicado que na areia.

Muitos constroem a casa de suas vidas sobre a "areia" deste mundo. Tudo parece maravilhoso, as mais radiantes perspectivas delineiam-se diante dos olhos e segue-se "pelo caminho do menor esforço". Almeja-se uma vida agradável com alegrias e prazeres. Missões e organizações fundamentadas na Bíblias só atrapalham e estorvam, por isso são evitadas. Parece muito mais fácil construir uma casa conforme as próprias convicções e anseios, agradando a si mesmo e tentando alcançar o que se espera da vida. Difícil é, ao menos assim parece, construir sobre Jesus Cristo, sobre a Palavra de Deus. O caminho do arrependimento é penoso, a luta contra as tentações parece insuportável, e seguir a Jesus carregando a própria cruz parece quase impossível. Mas, para quem escolhe a areia, a queda já está programada e será infinitamente profunda. Quando vêm as tempestades da vida, a velhice, o sofrimento, o medo e a morte, chega também o desespero e toda a aparente segurança desmorona.

A Bíblia nos ensina que todas as coisas deste mundo passarão, que tudo o que é ímpio se assemelha à palha que o vento espalha. Mesmo países e impérios poderosos não perdurarão. Nada, absolutamente nada do que for construído sem Jesus terá valor permanente, tudo é efêmero e passageiro. Mas quem constrói sua vida sobre Jesus de uma maneira consciente, estará construindo sobre fundamento sólido, com seus pilares alicerçados na eternidade, fundamentados em Deus. Na vida da pessoa que constrói sobre a rocha, as alegrias não estão baseadas na aprovação dos homens, que já levou muitos à ruína. Verdadeira alegria e esperança real fundamentam-se no Senhor, em Sua obra consumada na cruz do Calvário, no perdão recebido ali e no dom da vida eterna. E então, quando o sofrimento e a dor baterem à porta, podemos ficar firmes e inabaláveis, pois o Senhor nos segura. Ele nos protege e jamais nos abandona. A Bíblia diz que nada pode nos separar de Seu amor e de Seu cuidado, que o Senhor nos guarda e no final nos receberá em Seu reino inabalável e eterno. Quem constrói sobre Jesus permanece por toda a eternidade! (Norbert Lieth - http://www.apaz.com.br)

Falar a Verdade


Calar por amor ou falar por causa da verdade?

Quem se cala diante do pecado, da injustiça e de falsas doutrinas não ama de verdade. A Bíblia diz que o amor "...não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade" (1 Co 13.6). Deveríamos orar muito por sabedoria e, com amor ainda maior, chamar a atenção para a verdade e não tolerar a injustiça.

Ao estar em jogo a verdade, Estevão argumentou, mas sempre em amor a seu povo e com temor diante da verdade em Cristo. O apóstolo Paulo estava disposto a ser considerado maldito por amor ao seu povo, mas não cedia um milímetro quando se tratava da verdade em Cristo. Jesus amou como nenhum outro sobre a terra, mas assim mesmo pronunciou duras palavras de ameaça contra o povo incrédulo, que seguia mais as tradições e as próprias leis do que a Palavra de Deus. O Dr. John Charles Ryle, bispo anglicano de Liverpool que viveu de 1816 a 1900, certa vez disse assim:

Controvérsias religiosas são desagradáveis

Já é extremamente difícil vencer o diabo, o mundo e a carne sem ainda enfrentar conflitos internos no próprio arraial. Mas pior do que discutir é tolerar falsas doutrinas sem protesto e sem contestação. A Reforma Protestante só foi vitoriosa porque houve discussões. Se fosse correta a opinião de certas pessoas que amam a paz acima de tudo, nunca teríamos tido a Reforma. Por amor à paz deveríamos adorar a virgem Maria e nos curvar diante de imagens e relíquias até o dia de hoje. O apóstolo Paulo foi a personalidade mais agitadora em todo o livro de Atos, e por isso foi espancado com varas, apedrejado e deixado como morto, acorrentado e lançado na prisão, arrastado diante das autoridades, e só por pouco escapou de uma tentativa de assassinato. Suas convicções eram tão decididas que os judeus incrédulos de Tessalônica se queixaram: "Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui" (At 17.6). Deus tenha misericórdia dos pastores cujo alvo principal é o crescimento das suas organizações e a manutenção da paz e da harmonia. Eles até poderão fugir das polêmicas, mas não escaparão do tribunal de Cristo. (de Alle Wege führen nach Rom)

Norbert Lieth

ÍNDIA

Descaminho das Índias

Enquanto uma novela conquista o público, difundindo o hinduísmo, a maioria dos telespectadores não tem noção da realidade dessa religião, que está por trás da maior parte das idéias da Nova Era.

Ganesha.

Quando os deuses se enganam

O que pensar de um deus que corta a cabeça de um menino por engano e em troca lhe dá uma cabeça de elefante? Deuses que se enganam são deuses vãos. Eles não são confiáveis. Mesmo assim, têm adoradores que se sacrificam por eles:

Na revista alemã Der Spiegel apareceu a história de um adolescente indiano de 16 anos que decidiu fazer uma oferenda singular ao deus Shiva[1]. Sua peregrinação ao templo Trinath em Rourkela, na Índia, durou dez semanas. “Você jamais será alguém na vida!”, costumava dizer seu pai. Aswini Patel andava sempre sozinho e não era muito popular na escola, nem entre as crianças da vizinhança. Em casa, ele tinha de escutar acusações constantes de ser pouco inteligente e preguiçoso. Finalmente, ele decidiu não ouvir mais as ordens de ninguém. Ele decidiu que iria ouvir somente aos deuses. Aswini era especialmente fascinado por Shiva, o deus de muitos braços. Foi Shiva que, por engano, cortou a cabeça do filho de sua mulher. Em troca, deu-lhe uma cabeça de elefante. Assim surgiu um novo deus, chamado Ganesha. Essa história impressionou muito a Aswini.

O deus Shiva.

No começo de maio de 2008, depois de uma viagem penosa, o jovem finalmente chegou ao templo cinzento de Shiva. Tirou uma lâmina de barbear de seu bolso, olhou bem para o pequeno deus de pedra e murmurou: “Senhor Shiva”. Aí estendeu sua língua e cortou um pedaço dela, depositando-o como oferenda ao lado da estátua do seu ídolo. Seu grito de dor chamou a atenção da esposa de um sacerdote, que o socorreu. Algum tempo depois, a polícia levou Aswini ao hospital, onde foi imediatamente operado. Quando seu pai chegou no dia seguinte, só abraçou seu filho. Não o xingou nem o repreendeu pelo que tinha feito. Apenas disse que o rapaz era maluco e que tudo iria ficar bem. Os médicos explicaram que Aswini voltaria a falar em alguns meses e que o resto de sua língua iria se readaptar para articular as palavras.

A Bíblia deixa bem claro: “Que digo, pois? Que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Ou que o próprio ídolo tem algum valor? Antes, digo que as coisas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos demônios” (1 Co 10.19-20).

É muito triste que um jovem de origem humilde tenha feito algo assim. Desprezado pelos conhecidos, impelido pelas religiões ao seu redor, movido pela esperança de uma vida melhor e em busca de atenção e afeto, Aswini se dispôs a um sacrifício dolorido. Mas, por trás desse gesto está toda a cruel realidade do demonismo, da fúria destrutiva de Satanás, de seu engano e de suas impiedosas mentiras.

O demonismo que está por trás dos ídolos é que impele as pessoas a atos tresloucados.

O jovem fez uma longa viagem e se dispôs a sacrificar um pedaço de sua língua a um deus que, por engano, cortou a cabeça do filho de sua mulher, dando-lhe em troca uma cabeça de elefante. Que deus é esse que se engana dessa forma e nem percebe estar matando seu próprio enteado? Na verdade, esses ídolos não são capazes de coisa nenhuma, pois não podem absolutamente nada, nem mesmo agir por engano:

“No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada. Prata e ouro são os ídolos deles, obra das mãos de homens. Têm boca e não falam; têm olhos e não vêem; têm ouvidos e não ouvem; têm nariz e não cheiram. Suas mãos não apalpam; seus pés não andam; som nenhum lhes sai da garganta. Tornem-se semelhantes a ele os que os fazem e quanto neles confiam” (Sl 115.3-8).

O demonismo que está por trás dos ídolos é que impele as pessoas a atos tresloucados como o desse jovem indiano. Muitos sofrem com compulsões demoníacas por buscarem sua salvação nos lugares errados, ao invés de procurarem auxílio em Deus, que se revelou em Jesus Cristo e quer ajudar a cada um em qualquer situação.

Como é diferente desses falsos deuses aquilo que Pedro diz de Jesus: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna” (Jo 6.68). Suas palavras poderiam ser transcritas assim: “Senhor, a quem poderíamos nos dirigir? Teria de haver alguém maior do que Tu! Mas não há ninguém. Tua grandeza suprema se mostra não em símbolos nem em sinais e milagres, mesmo que estes Te acompanhem, mas naquilo que Tu dizes e com o que Tu nos dás pela Tua Palavra. Tu tens as palavras da vida eterna, essa é a grande diferença. Ninguém do mundo visível ou invisível pode tentar comparar-se contigo. Ninguém é mais importante, mais consistente ou mais significativo do que Tu, e ninguém pode dar o que Tu dás. Diante de Ti todos os grandes deste mundo somem na insignificância. Por isso, está fora de questão para quem iremos e a quem nos dirigiremos com todo o nosso ser”.

Muitos sofrem com compulsões demoníacas por buscarem sua salvação nos lugares errados, ao invés de procurarem auxílio em Deus, que se revelou em Jesus Cristo e quer ajudar a cada um em qualquer situação.

No lugar de tentarmos ofertar alguma coisa a Deus tentando agradá-lO, foi Ele que se ofereceu em sacrifício através de Jesus Cristo (2 Co 5.18-19). Por meio desse sacrifício em nosso lugar recebemos o perdão dos nossos pecados e uma vida santificada, além de sermos considerados aperfeiçoados diante de Deus, em Jesus:

Perdão: “...agora... ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado” (Hb 9.26).

Santificação: “Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas” (Hb 10.10).

Perfeição: “Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hb 10.14).

Quem aceita, de forma pessoal, pela fé, o sacrifício de Jesus, passa a usufruir de todo o agrado de Deus: “pois eles mesmos, no tocante a nós, proclamam que repercussão teve o nosso ingresso no vosso meio, e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura” (1 Ts 1.9-10).

terça-feira, 28 de abril de 2009

O REI DAVI


A vida de Davi ensina-nos que a humildade de espírito é marca indispensável do caráter do servo do Senhor.

INTRODUÇÃO

- A humildade de espírito é a principal virtude que vemos na vida de Davi. Durante os vários episódios de sua vida que são narrados nas Escrituras Sagradas, percebemos que Davi sempre foi uma pessoa que se fez dependente do Senhor, que sempre procurou saber e cumprir a vontade de Deus em todas as suas atitudes. Mesmo nos erros cometidos, quando Davi deixou-se levar pela sua própria vontade, percebemos quão forte era este sentimento na sua vida, pois, ao contrário de outras personagens bíblicas, Davi demonstrou grande desprendimento e, tão logo descoberto, no caso de Bate-Seba, ou mesmo após a consumação do erro, no caso da contagem, não resistiu à voz do Espírito Santo e se arrependeu dos pecados, confessando-os publicamente e os deixando de cometer dali em diante.- Iniciamos, nesta lição, o estudo de algumas personagens bíblicas com o objetivo de não só conhecer algumas vidas de homens e mulheres de Deus, mas, sobretudo, de, em suas biografias, colher lições de como podemos construir um caráter cristão, pois é este o propósito deste trimestre.

- Davi, o grande rei de Israel, o ascendente do Messias, foi escolhido por Deus porque era um “homem segundo o coração de Deus” (I Sm.13:14). Ser segundo o coração de Deus é ter, sobretudo, humildade de espírito. Não é por acaso que o Senhor Jesus põe esta característica em primeiro lugar ao elencar as qualidades dos Seus discípulos (Mt.5:3).

I – A BIOGRAFIA DE DAVI (I): DAVI, O PASTOR DE OVELHAS E PAJEM DE ARMAS

- Neste trimestre, temos o estudo de algumas personagens bíblicas. Como nosso propósito nestes estudos é suplementar o comentário oficial das Lições Bíblicas, entendemos que seria redundante retomarmos pura e simplesmente a linha de pensamento do ilustre comentarista. Decidimos, então, nestas lições, tomar um caminho alternativo, baseado em um esquema que, quanto possível, procuraremos seguir: o de apresentar uma sucinta biografia da personagem, situando-a no tempo e no espaço; em seguida, analisaremos alguns episódios marcantes desta vida, vendo o que podemos aprender a fazer e a não fazer diante desta história. Por fim, ante o objetivo do trimestre que é o de aprendermos com estas personagens na construção do nosso caráter, faremos, se houver necessidade, uma breve análise da virtude enfatizada pelo ilustre comentarista e de que como podemos obtê-la para termos um verdadeiro crescimento espiritual.

- Davi foi o segundo rei de todo o Israel entre cerca de 1016 a 976 a.C., tendo provavelmente assumido o trono com trinta anos de idade, o que faz com que sua data de nascimento seja estabelecida por volta de 1046 a.C. Seu nome significa “amado” ou “predileto” e, segundo o site www.iremar.com.br, “significa predileto, amado e indica uma pessoa que aproveita todas as oportunidades de sucesso que surgem mostrando competência e dedicação.”

(http://www.iremar.com.br/index.php?q=Davi&con=conexao&inc1=header&inc2=footer&banner=rodape&site=nomes Acesso em 24 maio 2007).

- Davi surge na história sagrada, pela vez primeira, no livro de Rute, onde o autor (que a tradição diz ter sido o profeta Samuel), anuncia que o neto de Obede, filho de Rute e Boaz, seria o rei Davi (Rt.4:17,22). Sua história, porém, é relatada nos livros de Samuel e nos primeiros livros de Reis e de Crônicas.

- Davi era da tribo de Judá, tribo esta que, naquela altura da história de Israel, em que pesasse a bênção de Jacó que lhe prometia a supremacia (Gn.49:10), bem como a vida fiel de Calebe e a sua densidade populacional, havia vivido mais ou menos marginalizada no meio do povo de Deus, tanto que não fornecera qualquer liderança nacional até então.

- Quando surge na história sagrada, Davi é apresentado como o filho caçula de Jessé, filho de Obede e neto de Boaz e, portanto, pelo que vemos do relato do livro de Rute, um grande proprietário de terras na tribo de Judá. Sendo o filho mais novo, porém, Davi não tinha qualquer posição de realce na sua família. Seus irmãos, além de mais velhos, eram pessoas fortes e robustas que, por isso mesmo, haviam sido selecionadas por Saul, o primeiro rei de Israel, para servirem como seus soldados (cf. I Sm.8:11). Tanto assim é que Samuel, ao ver o primogênito de Jessé, Eliabe, logo se convenceu que estava diante do escolhido do Senhor, dado o seu porte físico (I Sm.16:6,7).

- Davi trabalhava como pastor de ovelhas(I Sm.16:11) e, neste seu trabalho, sem que muito provavelmente seu pai e seus familiares o soubessem, agia com dedicação e zelo, visto que, apesar de ser pequeno, pôs sua vida em risco para proteger o seu rebanho (cf. I Sm.17:34-36). Esta dedicação, este sentimento de compromisso com a tarefa que lhe havia sido cometida pelo seu pai foi um dos fatores que levou o Senhor a escolhê-lo para a tarefa de reinar sobre Israel.

- Devemos, desde já, verificar que a consciência do compromisso assumido, que a disposição para cumprir com as tarefas que são cometidas por quem de direito é um traço de caráter indispensável para quem quer servir a Deus. Davi foi chamado por Deus como “um homem segundo o coração de Deus” (I Sm.13:14), precisamente porque, no silêncio, no anonimato, fazia questão de honrar o compromisso de cuidar do rebanho que lhe fora confiado. Este mesmo sentimento de dedicação e de consciência do compromisso nas mínimas coisas continua a ser observado por Deus, que conhece os corações (I Sm.16:7 “in fine”). Jesus fez questão de lembrar, na parábola dos talentos, que um requisito para que alguém alcance o gozo do Senhor é o de ter sido fiel sobre o pouco (Mt.25:21,23). Por isso, o profeta nos aconselha a jamais desprezarmos o dia das pequenas coisas (Zc.4:10a). A dedicação de Davi era tanta que seu pai, mesmo sem sequer saber onde se encontrava o pequeno, sabia que ele estava a apascentar as ovelhas, tanto que não houve dificuldade em achá-lo (I Sm.16:12).

- Esta dedicação e este compromisso são, pois, fatores importantíssimos aos olhos do Senhor. Davi era um homem agradável a Deus por causa deste seu comportamento. Não foram as guerras que fizeram Davi agradável ao Senhor, nem tampouco os salmos ou os esforços em prol da obtenção de materiais para o templo, mas, sim, este sentimento de serviço, de submissão. Este foi o fator que fez com que Deus escolhesse a Davi. E nós, será que temos este mesmo sentimento? Jesus, o Filho de Davi, tinha-o, como nos mostra o apóstolo Paulo (Fp.2:5-8) e o escritor aos hebreus (Hb.10:7-9), que, de resto, apenas confirmam aquilo que o próprio Senhor publicamente afirmou (Mt.5:17), sendo testificado pelo Pai (Mt.3:17). Estamos imitando a Cristo? Temos aprendido esta lição com Davi?

- Mas, além de uma vida de dedicação e de compromisso, Davi tinha também uma vida de adoração. Em I Sm.16:18, é dito que um dos mancebos que serviam ao rei Saul lhe falou a respeito de Davi, que era uma pessoa que sabia tocar e que Deus era com ele. Este “saber tocar bem” não só nos fala do conhecimento técnico de Davi, mas, sobretudo, de sua vida espiritual, afinal de contas, pelo que nos mostra o contexto, estava-se a procurar alguém que “Deus fosse com ele”, a fim de expulsar o espírito maligno que atormentava o rei Saul.

- Davi tinha recebido o Espírito Santo e, aliado à técnica que já possuía, passou a adorar a Deus com um verdadeiro louvor. É desta época já que vemos nascer aquele que haveria de ser “o suave em salmos de Israel” (II Sm.23:1 “in fine”, isto é, a parte final do versículo). A presença do Espírito Santo na vida de alguém faz com que este alguém passe a ter uma vida de adoração, passe a servir ao Senhor, inclusive no que toca ao louvor, um louvor que faz afugentar o maligno, um louvor que é contrário a Satanás. Como, então, podemos admitir “louvores” na atualidade que têm suas raízes e sua razão de ser em cultos de adoração ao diabo, como o samba, filho dos terreiros de candomblé ou o “rock”, criado pelos satanistas?

- Apresentado a Samuel, Davi é ungido rei na casa de seu pai e, diz a Escritura, desde aquele instante, Davi passou a ser cheio do Espírito Santo (I Sm.16:13). O que faz, então, o pequeno Davi, depois de ter sido ungido rei pelo profeta Samuel, depois de sentir a presença do Espírito Santo sobre a sua vida? Participa do banquete que seu pai estava dando ao profeta e, no dia seguinte, volta a apascentar as ovelhas do seu pai!

- Davi era um homem segundo o coração de Deus, um homem agradável ao Senhor e, por isso, mesmo ungido e declarado rei, não alterou em coisa alguma o seu comportamento. Se havia promessa de Deus na sua vida, promessa esta confirmada pela mudança espiritual experimentada, isto se daria no tempo certo, no modo determinado pelo Senhor. Davi não mudou, em coisa alguma, a sua vida. Que exemplo a seguir! Quantos não são chamados para uma tarefa determinada pelo Senhor e se precipitam, tudo deixando, para “tomar posse da bênção”, pondo tudo a perder muitas vezes. Davi, como era um homem segundo o coração de Deus, sabia que a soberania pertence ao Senhor, que é Ele quem controla todas as coisas e, por isso, manteve a sua vida tanto quanto antes, aguardando a Divina Providência.

- Deus começa, então, a agir. O rei Saul passou a ser atormentado por um espírito maligno, pois o Espírito Santo o havia deixado, já que havia se apossado de Davi e vivíamos os tempos em que a ação do Espírito era sob medida. Rejeitado como rei por Deus, Saul perdeu a unção do Espírito, que passou a estar sobre Davi, aquele que havia sido escolhido pelo Senhor. É interessante observar que esta realidade espiritual passou completamente despercebida do povo e de todas as estruturas sociais. Ainda se passariam alguns anos, décadas mesmo, até que Davi se tornasse efetivamente rei de todo o Israel.

- Atormentado por um espírito maligno, o rei Saul é orientado a buscar um músico ungido, que tocasse bem harpa e afugentasse o espírito maligno. Alguém dá notícia da existência de Davi ao rei, que manda chamá-lo. É este o primeiro contacto de Davi com Saul. Mandado por seu pai, Davi toca harpa para o rei Saul e o espírito maligno era expulso sempre que havia o entoar da harpa. A dedicação de Davi bem como o seu porte diante do rei fez com que Saul o amasse muito (I Sm.16:21) e o fizesse seu pajem de armas, ou seja, seu escudeiro, aquele que carregava as armas.

- Davi inicia a sua vida junto ao trono como o carregador das armas de Saul. Que exemplo a ser seguido! Embora fosse já considerado um jovem valente (I Sm.16:18), com capacidade para ser um bom soldado (I Sm.16:18 NTLH), um homem de guerra (I Sm.16:18 ARA, ARC), um guerreiro (I Sm.16:18 TB, NVI), o jovem foi posto tão somente para carregar as armas. E qual foi a sua reação? Obedeceu, passou a servir ao rei com a mesma dedicação que havia servido ao seu pai no pastoreio das ovelhas. Quantos que, chamados por Deus para ser generais, não aceitam começar como carregadores de armas e, por causa disto, jamais chegam a comandar exércitos na luta espiritual contra o mal. Aprendamos a lição da humildade de espírito com Davi!

II – A BIOGRAFIA DE DAVI (II) – DAVI, O GENRO PERSEGUIDO DO REI SAUL

- Davi era apenas o pajem de armas de Saul e aquele que tocava a harpa para afugentar o espírito maligno do rei. Mas, então, vem a guerra com os filisteus e Davi é encontrado, novamente, cuidando das ovelhas de seu pai. Com efeito, Davi não servia ao rei ininterruptamente, mas ia e voltava da casa de seu pai (I Sm.17:15). Apesar de ser pajem de armas do rei Saul, não tinha deixado de ser pastor de ovelhas, desdobrando-se para servir a seus dois senhores, o seu pai e o rei de seu país. Que exemplo de dedicação. Quantos, na atualidade, não conseguem fazer isto? Quantos jovens que se desculpam na igreja por causa da escola e, na escola, por causa da igreja? E que dizer daqueles que, por trabalharem e estudarem, descuidam-se de suas tarefas na casa do Senhor? Davi, porém, era jovem responsável, que tanto servia o rei quanto servia o seu pai e o Senhor lhe abençoava em todo este serviço.

- Jessé, entretanto, mandou que Davi fosse visitar os seus irmãos e verificar como estavam. Ao ali chegar, Davi ficou indignado com os insultos do campeão dos filisteus, o gigante Golias, que punha todo o exército de Israel a tremer de medo. Davi indignou-se com a covardia e a falta de fé dos soldados israelitas e encontrou oposição imediata da parte de seu irmão primogênito, Eliabe, que o chamou de presunçoso e maldoso de coração, além de ter menosprezado o valor do jovem Davi, ao dizer que era pastor de “poucas ovelhas” (I Sm.17:28).

- Davi justificou-se diante do irmão e tomou uma sábia decisão, que foi a de “desviar-se dele”. Dirigido pelo Espírito Santo, Davi não se deixou embaraçar pela oposição de Eliabe, motivada pela inveja e pelo despeito. Muitos têm se embaraçado com este tipo de gente, que nada tem a oferecer, que nada tem de bom para aqueles que são escolhidos por Deus para realizar a Sua obra. Eliabe revelou aqui porque fora rejeitado por Deus: era invejoso e os invejosos são do maligno, a começar do primeiro, a saber, Caim (I Jo.3:12). Tenhamos discernimento espiritual para nos afastarmos de todos quantos não têm qualquer compromisso com Deus. Sigamos o conselho do apóstolo Paulo a Timóteo: “Destes afasta-te” (II Tm.3:5 “in fine”).

- Davi, movido pelo Espírito Santo, quis saber a respeito dos prêmios oferecidos pelo rei para quem aceitasse o desafio de Golias e se apresentou diante do rei Saul. Este quis que Davi usasse a sua armadura, mas o jovem Davi não confiava nas armas do rei, armas que tão bem conhecia, pois fora escudeiro de Saul, mas, sim, disse que ira enfrentar o gigante “…em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel” (I Sm.17:45). Uma vez mais, vemos que Davi não se vangloriava, mas se mantinha na inteira dispensação do Senhor. Era humilde de espírito, tinha consciência da sua fraqueza, da sua insignificância, mas sabia que maior era o Deus que estava com ele do que o gigante.

- A vitória sobre Golias foi um divisor de águas na vida de Davi. Embora o rei Saul não tivesse cumprido a promessa de lhe dar a sua filha em casamento(I Sm.17:25; 18:19), fez de Davi um dos comandantes do exército de Israel (I Sm.18:5) e nasce, então, o guerreiro, o maior de todos os conquistadores da história de Israel. A vinculação de Davi com a guerra foi tanta que o próprio Deus não permitiu que Davi construísse o templo, precisamente para que a idéia do sangue e da guerra fossem associadas ao nome do Senhor, que é o Deus da paz (I Cr.22:8).

- Davi chefiava um grupo de assalto, ou seja, uma tropa que efetuava ataques repentinos aos inimigos e que trouxe a Davi uma grande popularidade entre o povo, a ponto de isto ter despertado a inveja do rei Saul, que se desgostou ao ouvir as mulheres dizerem que Saul matava milhares, mas Davi, dezenas de milhares (I Sm.18:7,8). Tendo enfrentado, de início, a inveja de seu irmão primogênito, do qual facilmente pôde se desviar, Davi, agora, passava a enfrentar a inveja daquele a quem servindo estava, o próprio rei Saul.

- Davi passou, então, a ser duramente perseguido pelo rei Saul, que buscou, mais de uma vez, tirar-lhe a vida. A perseguição implacável fez com que Davi tivesse de fugir e, assim, perder a sua função no reino, num instante em que, inclusive, já era genro do rei Saul, pois havia sido casado com Mical (I Sm.l8:27). Saul passou a temer a Davi e a perceber que a unção de Deus estava sobre ele, constituindo-se, portanto, em nítida ameaça a seu reinado.

- Tem início, então, uma nova fase na vida de Davi. Tirado do curral das ovelhas de seu pai e levado para o palácio, Davi poderia ter entendido que o cumprimento da promessa de Deus para sua vida era apenas questão de tempo. Sendo genro do rei, tendo grande amizade com Jônatas, o príncipe herdeiro, e sendo respeitado pelo exército, nada mais além do tempo era necessário para que Davi se tornasse rei sobre todo o Israel. Entretanto, os caminhos de Deus não são os nossos caminhos (Is.55:8). Davi já havia sido treinado como pastor, músico e guerreiro, mas deveria agora formar o seu próprio exército, ter os seus próprios valentes.

- Ameaçado de morte pelo rei, Davi, de uma hora para outra, foi obrigado a sair de sua casa apenas com a roupa do corpo, avisado que fora por sua mulher da traição que lhe armara, uma vez mais, o rei Saul (I Sm.19:12-18). Impiedosamente perseguido por Saul, Davi chega, inclusive, a fugir para Gate, terra de Golias, onde tem de se fazer de doido para não ser morto pelos inimigos. Foi, então, refugiar-se na caverna de Adulão (I Sm.22), onde passa a ter a companhia de endividados e pessoas de espírito desgostoso. Para um homem que perdera família, posição social, respeito, honra, uma companhia de pessoas ainda mais amarguradas e desprezadas. Que prova!

- Davi acostumara-se com a companhia de valentes e de guerreiros preparados, mas, na missão que Deus lhe estava a confiar, era necessário que ele mesmo fosse o líder, o formador de homens valentes e destemidos. Como tipo de Jesus, Davi deveria transformar aqueles endividados, que se achavam em aperto e os desgostosos em valentes, em homens valorosos. Jesus, também, chamou aqueles pescadores e disse que os tornaria em “pescadores de homens” (Mt.4:19; Mc.1:17). Um homem cheio do Espírito Santo tem de ter a capacidade de influenciar aqueles que o cercam. Deve ser sal da terra e luz do mundo. Temos modificado as vidas que estão ao nosso redor?

- Esta nova fase da vida de Davi é a que chamamos de “fase da caverna de Adulão”, o instante da cruel perseguição de Saul, do desassossego, das constantes mudanças, da saudade da família, do isolamento, da incompreensão, da desconfiança sempre presente. Davi fugia a cada momento, mas nesta situação tão difícil, acabou por montar um corpo de servidores fiéis e destemidos, que o seguiriam durante todo o seu reinado. Na perseguição, na luta, nasce o sentimento da amizade verdadeira, do companheirismo sincero e desinteressado. Como diria Salomão anos mais tarde: “Em todo o tempo ama o amigo; e na angústia nasce o irmão” (Pv.17:17).

- Também é desta difícil fase na vida de Davi, que Davi se casa com duas mulheres, os casamentos que lhe darão filhos: com Abigail, viúva de Nabal, que quase fora morto por Davi, diante da negativa deste de ajudar-lhe, retribuindo com ingratidão a ajuda que dera aos seus pastores (I Sm.25) e com Ainoã de Jizreel (I Sm.25:43), tudo isso diante do fato de que Saul havia dado Mical, a mulher de Davi, a Palti (I Sm.25:44). Estes dois casamentos de Davi mostram que esta fase da vida de Davi despertou-se a sensibilidade conjugal de Davi, cujo casamento com Mical havia sido motivado pelo interesse, não pelo amor.

- Nesta época, Davi teve duas oportunidades para matar a Saul (I Sm.24, 26), mas, em ambos os casos, Davi não o fez, mantendo sua fidelidade e lealdade àquele que o perseguia impiedosamente. Nos dois episódios, Davi revelou que respeitava o seu senhor terreno, como também o Senhor Deus, pois reconhecia que Saul havia sido ungido rei sobre todo o Israel da parte de Deus. Davi mostrava que, mesmo injustiçado, não deixava de ter como valor supremo de sua vida o agrado a Deus. Antes de seus próprios interesses, estava o objetivo e propósito de sempre agradar ao Senhor. Se Saul era ungido de Deus, somente Deus poderia dar-lhe fim. Jamais poderia um verdadeiro servo do Senhor voltar-se contra um ungido, ainda que rejeitado. Que importante lição tão desconsiderada em os nossos dias, em que se esquece que todo salvo tem a unção do Espírito Santo. Lembremo-nos das palavras do Senhor Jesus: “E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.”(Mt.25:40).

- A perseguição de Saul foi tanta que Davi acabou se refugiando junto ao rei de Gate, Áquis(I Sm.27:2-4), a quem passou a servir, liderando o grupo de seus homens em assaltos a outros povos (I Sm.27:8-12). Por causa deste serviço, o rei de Gate entregou a Davi a cidade de Ziclague (I Sm.27:6), que passou a pertencer a Davi e sua família desde então. Os filisteus entraram em guerra contra Israel e não foi permitido a Davi que guerreasse com os israelitas, temerosos os filisteus que ele pudesse traí-los. Nesta guerra, Saul morreu e, ante a situação, a tribo de Judá, que Davi havia agradado com presentes na época dos assaltos feitos para o rei Áquis, proclamou Davi como seu rei.

- Nestas guerras desta “fase da caverna”, e mesmo depois no seu reinado, vemos como Davi se conduzia sempre sob a direção do Espírito de Deus, residindo aí o segredo de suas vitórias. Apesar de sua experiência como guerreiro, Davi jamais fazia coisa alguma antes de consultar ao Senhor. Diversas vezes encontramos Davi consultando a Deus sobre como deveria se conduzir nas suas batalhas (I Sm.22:10; 23:2; 30:8; II Sm.5:19; I Cr.14:10). Na Versão Almeida Revista e Corrigida, encontramos oito vezes a palavra “consultou”, que é a palavra hebraica “sha’al” (???), cujo sentido é “perguntar”, “inquirir”, “pedir orientação”, sendo que, em seis vezes, quem praticou tal atitude foi Davi, que se torna, assim, a personagem exemplar em termos de ação sob orientação de Deus. Assim como guerreara contra Golias “em nome do Senhor dos Exércitos”, Davi nada fazia sem a direção, a orientação de Deus. Apesar de sua experiência, não confiava na habilidade do homem, mas punha a sua confiança em Deus. Por isso é dito que Davi era um homem que Deus escolher para executar a vontade divina (At.13:22 “in fine”). Temos agido assim?

OBS: Existem duas outras referências bíblicas na ARC que usa a palavra “consultou”, mas que não é tradução da palavra “sha’al”.

- Antes de Davi ter sido proclamado rei pela tribo de Judá, é importante também vermos que Davi matou aquele que lhe trouxe a notícia da morte de Saul e de seus filhos, entre os quais Jônatas. Davi foi sempre fiel e leal a Saul e isto bem demonstrou mesmo após a morte de Saul, apesar de toda a perseguição que sofreu (II Sm.1). Um homem segundo o coração de Deus é fiel, leal e não guarda rancor. Um homem segundo o coração de Deus sabe perdoar e ver nas pessoas aquilo que elas têm de bom, pois ninguém é tão mal que não tenha algo que possa ser aproveitável. Um homem segundo o coração de Deus tem este olhar benigno, pois o amor divino é benigno (I Co.13:4).

OBS: Certo irmão conta-nos uma elucidativa história de um cão que morreu e foi deixado morto na rua, exalando péssimo cheiro Todos os que ali passavam reclamavam do mau cheiro do cachorro morto, até que alguém, mais sábio, ao constatar o corpo morto mal-cheiroso, dele se aproximou e exclamou: que belos dentes tinha este cachorro! Será que, como servos de Deus, temos conseguido enxergar os belos dentes ou apenas nos indignamos com o mau cheiro do próximo?

III – A BIOGRAFIA DE DAVI (III) – DAVI, O REI DE ISRAEL

- Saul estava morto, mas Davi ainda não começou a reinar sobre todo o Israel. Davi reinava apenas sobre a tribo de Judá e as outras onze tribos, instadas por Abner, comandante do exército de Saul, proclamaram rei o único filho de Saul que restara vivo, Isbosete (II Sm.2:8-11). Houve, ainda, uma guerra de dois anos até que Davi se tornasse rei de todo o Israel (II Sm.2:10; 3:1).

- Assim que Davi se estabeleceu como rei sobre todo o Israel, tratou ele de unir o reino e, para tanto, era necessário derrotar os jebuseus, cujos domínios impediam a união entre o sul, ocupado pela tribo de Judá e de Simeão, e as tribos do Norte. Para tanto, guerreou contra Jebus e a conquistou, tornando-a em capital do seu reino, com o nome de Jerusalém, motivo por que é ela chamada até hoje de “a cidade de Davi”. Esta conquista e a aliança que lhe foi proposta pelo rei de Tiro, fez com que Davi entendesse que Deus confirmava o reino na sua mão por amor ao Seu povo (II Sm.5:12). Temos, assim, mais uma vez, a demonstração da preocupação de Davi de estar na direção de Deus e de apenas ser e agir de acordo com a vontade divina.

- Sempre sob a direção divina, Davi, após ter conquistado Jerusalém, lança uma ofensiva sobre os filisteus, derrotando-os totalmente. Com efeito, a partir desta vitória de Davi sobre os filisteus, não mais encontramos relatos de dominação dos filisteus sobre os israelitas, o que havia sido uma constante desde a conquista da Terra Prometida. Com Davi, portanto, completa-se a obra de livramento destes terríveis inimigos, que se iniciara com Sansão, mais de cem anos antes. O segredo da vitória de Davi está em II Sm.5:25a: “E fez Davi assim como o Senhor lhe tinha ordenado”.

- Vencidos os filisteus, Davi pretendeu trazer a arca do concerto, que se encontrava em Baalé de Judá (ou Quiriate-Jearim) desde os tempos em que os filisteus a haviam devolvido nos dias de Samuel, para Jerusalém. Este cuidado de Davi para com as coisas de Deus, representadas, ao seu tempo, pelos utensílios do tabernáculo, que praticamente faz se mudar para Jerusalém, mostra que um homem segundo o coração de Deus é alguém que dá prioridade às coisas de Deus, às “coisas que são de cima” (Cl.3:1,2). Este interesse primordial de Davi é que iria levá-lo à idéia de construir um templo ao Senhor, idéia que o Senhor aprova, mas que determina seja executada pelo seu sucessor, o que não impediu que Davi iniciasse a obtenção dos materiais para esta construção e deixasse plenamente organizado o serviço de louvor que funcionaria no templo (I Cr.22-29).

- Este seu intento de levar a arca para Jerusalém foi alcançado, mas não sem antes ter havido o triste episódio da morte de Uzá, uma grande lição que Deus deu a Davi e a todo o Israel sobre a importância de se observar à risca a lei do Senhor (II Sm.6; I Cr.13) (recomendamos leitura estudo de nossa autoria, “O culto pentecostal que não deu certo”, na seção Estudos Bíblicos, no Portal Escola Dominical, onde abordamos o episódio com maior profundidade).

- Davi, uma vez instalado no poder, também, revelou que era um homem leal, mantendo as suas alianças e promessas, mesmo passando a ser a maior autoridade de seu povo. Assim é que traz Mical de volta a seu convívio, conquanto a mesma com ele nunca vai mais se entender, acabando por se tornar estéril (II Sm.6:23), como também devolveu tudo quanto tinha sido de Saul e de sua família a Mefibosete, o filho aleijado de Jônatas, que passou a tratar como um verdadeiro príncipe, honrando, assim, a promessa que fizera a Jônatas nos dias de perseguição (II Sm.9).

-Davi empreendeu uma série de guerras e, pela vez primeira, Israel passou a ter as fronteiras que lhe haviam sido prometidas por Deus a Abraão, dominando desde a Síria, cuja fronteira era o rio Eufrates, até o Mar Mediterrâneo, onde habitavam os filisteus (Dt.11:24; II Sm.8; I Cr.18). Sendo um homem que sempre aguardou o momento de Deus para o cumprimento das promessas, foi o primeiro a ser usado por Deus para que se cumprisse a promessa de concessão da totalidade de Canaã para Israel. Como vale a pena esperar em Deus e crer nEle, submetendo-se à Sua vontade!

- Em reconhecimento à fidelidade e à sincera e genuína adoração do rei, o Senhor dá a Davi a promessa messiânica, ou seja, promete que não faltaria varão sobre o trono de Israel da casa de Davi, caso sua linhagem mantivesse a fidelidade apresentada pelo fundador da dinastia ((II Sm.7:16). Esta promessa foi além mesmo da história política de Israel, sendo prometido que o Salvador da humanidade viria da linhagem de Davi. O Messias, desde então, passou a ser reconhecido como sendo o Filho de Davi e, efetivamente, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo seria descendente deste rei. A humildade de espírito fez o Senhor exaltar a Davi, tornando-o o ascendente do próprio Messias.

- Mas é no poder que teremos a última fase da vida de Davi, caracterizada pela mácula de seu adultério e do homicídio dele decorrente, algo que ficaria para sempre agregado à figura de Davi (I Rs.15:5). No tempo em que os reis deveriam ir à guerra (II Sm.11:1), Davi deixou de consultar o Senhor e resolveu nada fazer. Eis os males do ócio, da inatividade. Era tempo de os reis saírem, mas Davi resolveu ficar em seu palácio. O resultado disto foi o de passar a cobiçar Bate-Seba, a mulher de seu leal soldado, Urias, cobiça que o levou ao adultério.

- Como se não bastasse o adultério, ao saber que Bate-Seba estava grávida, o rei, então, arquitetou um plano para imputar a concepção ao marido de Bate-Seba, chamando-o da batalha. Urias, entretanto, não foi para sua casa e Davi acabou determinando a Joabe, o comandante de seu exército, que o matasse, deixando-o numa posição indefensável em meio a batalha. Morto Urias, Davi tomou Bate-Seba como sua mulher, mas, embora ninguém disto soubesse, Deus o soube e, conforme diz a Bíblia, “…esta coisa que Davi fez pareceu mal aos olhos do Senhor” (II Sm.11:27).

- Davi foi, então, desmascarado, em público, pelo profeta Nata. Mas, mesmo no seu pecado, vemos como Davi era um homem segundo o coração de Deus. Assim que revelada a sua falta pelo profeta, em público, o rei não mandou prender o profeta, como seria esperado e como fizeram outros reis, como Asa (II Cr.16:10) ou Zedequias (II Cr.37:21), mas, de imediato, se arrependeu de seus pecados, humilhando-se diante do Senhor. Confessou publicamente o seu pecado, confissão que até hoje pode ser observada pela humanidade, eis que se encontra no salmo 51. Por causa de seu arrependimento, Deus manteve-lhe a vida, ainda que os pecados cometidos tenham trazido sérias conseqüências para a vida de Davi.

- A partir destes pecados, que mancharam a reputação de Davi, vemos uma seqüência de problemas a atormentar o rei. A espada não se apartou da sua família (II Sm.12:10), tanto que seu filho Amnom, o primogênito, seria morto por seu meio-irmão Absalão(II Sm.13:23-39), já que violentara Tamar(II Sm.13:1-22), irmã germana (mesmos pai e mãe) de Absalão, episódio que seria o motivo da dissensão e da mágoa de Absalão em relação a Davi e que resultou na rebelião de Absalão, que chegou a tomar o poder e a destronar Davi(II Sm.15), que, com muito custo, conquistou retomar o trono. No final da vida, ainda, Davi teve de presenciar a rebelião de Adonias, que também tentou destroná-lo e o obrigou a coroar Salomão antes mesmo de sua morte (I Rs.1).

- Outro pecado de Davi deveu-se a um “ataque de soberba” do rei que, vaidosamente, determinou a contagem dos filhos de Israel, o que contrariava a lei de Moisés que somente permitia o recenseamento com o objetivo de expiar o povo de Israel e, assim, obter recursos para a tenda da congregação (Ex.30:11-16). Davi, porém, grande em poder, quis saber quantos havia sob o seu domínio, arrogando para si uma glória que somente caberia ao Senhor. Mas aqui se vê, mais uma vez, a humildade de espírito de Davi que se arrependeu de ter determinado a contagem, arrependimento genuíno, vindo do interior do rei (II Sm.24:10) e que se traduziu num gesto público de humilhação, com a compra da eira de Orna, o jebuseu e a oferta de sacrifício ao Senhor para aplacar a Sua ira, no local onde, aliás, seria localizado o templo (I Cr.21).

- Com setenta anos de idade, já envelhecido, Davi, como já dissemos, ainda teve de enfrentar a rebelião de Adonias e foi, então, obrigado a colocar seu filho Salomão no trono antes mesmo de sua morte. Pouco depois, deu conselhos profícuos a Salomão, fez seu último cântico e, então, morreu, passando à história como o mais valente e espiritual rei de Israel, Israel que tem como símbolo nacional, até os dias de hoje, a “estrela de Davi”.

IV – O QUE DEVEMOS APRENDER A FAZER COM DAVI

- Um exemplo cabal desta humildade de espírito em Davi encontramos no instante em que está a fugir de seu filho Absalão. Ao verificar que Zadoque e Abiatar, os sacerdotes de seu tempo, estavam com a arca do concerto prontos a acompanhá-lo em sua fuga, Davi determina que eles voltem para Jerusalém com a arca, pois ali era o seu lugar. Davi, então, afirma que está na total dependência do Senhor, cabendo a Ele decidir se o rei merecia, ou não, retornar ao trono (II Sm.15:25,26). Que prova de submissão à vontade divina! E, como se não bastasse isso, mesmo destronado, fugitivo e desmoralizado, Davi sobe ao monte das Oliveiras com um único objetivo: adorar ao Senhor (II Sm.15:32). Temos este grau de humildade de espírito?

- Um dos grandes males dos nossos dias tem sido a auto-suficiência, a arrogância, o orgulho dos homens, que a Bíblia diz serem “amantes de si mesmos” (II Tm.3:2). Os homens têm endurecido a sua cerviz, o seu coração para o Senhor, não se submetem a Ele e o resultado disto é que se perdem eternamente. Com Davi, aprendemos que devemos ser humildes de coração para encontrar descanso para as nossas almas (Mt.11:29). Seja como o pastor que se encontrava no curral das ovelhas, seja como o rei que havia conquistado toda a Terra Prometida, Davi sempre se mostrou humilde de espírito e, nas vezes em que esta humildade, por falta de vigilância, faltou, retornou imediatamente após.

- Mas, além da humildade de espírito, aprendemos também com Davi a confiar plenamente no Senhor e saber que somos tão somente Seus instrumentos. Davi, desde o instante em que foi enfrentar Golias, ainda jovem e inexperiente, sempre procurou fazer todas as coisas em nome do Senhor, ou seja, de acordo com a vontade do Senhor, para glorificação do nome do Senhor. Davi sempre evitou agiu por conta própria e, quando o fez, procedeu mal. Apesar de sua experiência como guerreiro e de sua popularidade e respeito, jamais deixou de consultar o Senhor quanto as estratégias que deveriam ser feitas, demonstrando, assim, que tinha plena consciência de que “o cavalo prepara-se para o dia da batalha, mas do Senhor vem a vitória” (Pv.21:31).

- Nos dias em que vivemos, cada vez maior é o número das pessoas que, em vez de crer em Deus e exercitar a sua fé, crêem em si mesmos, na sua experiência e habilidade, deixando Jesus do lado de fora de suas vidas. Como temos visto, a começar da casa de Deus, fórmulas e estratégias de sucesso, de êxito e de progresso, todas elas baseadas na auto-confiança, na auto-ajuda, mas sem qualquer fundamento na fé em Cristo Jesus. Muitos têm trocado a fé em Cristo por uma “determinação”, que nada mais é que um novo nome para a auto-confiança, para a arrogância e petulância humanas. Aprendamos com Davi a depender única e exclusivamente do Senhor, a fazer a Sua vontade. Afinal de contas, ao nos ensinar a orar, Jesus disse que deveríamos pedir assim: “Seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu”.

- Davi também nos ensina a lição da consciência da presença do Espírito Santo em nossas vidas. As Escrituras dizem que o Espírito se apoderou de Davi assim que ele foi ungido pelo profeta Samuel (I Sm.16:13). No salmo 51, vemos que Davi percebeu que, por causa do pecado, o Espírito dele havia se afastado e clamou para que não fosse Ele retirado de sua vida (Sl.51:11). Estar na presença de Deus e ter o Espírito Santo era o que Davi mais desejava na vida. Esta prioridade espiritual é uma grande lição que Davi nos deixa para seguirmos. Com efeito, quando perdeu o trono, Davi não se importou nem se desesperou (II Sm.15:25,26), pois seu coração não estava preso ao poder e às riquezas, mas, sim, nas coisas que são de cima. Tanto assim é que, em plena fuga da presença de Absalão, encontramos Davi adorando a Deus (II Sm.15:32).

- Muitos, em nossos dias, já perderam a presença de Deus e não se dão conta disto. Somente o verificarão no dia do juízo, quando o Senhor lhes falará que nunca os conheceu, apesar de, em nome dEle, terem feito sinais e prodígios (Mt.7:21-23). Muitos já se acostumaram a pecar tanto que estão com suas consciências cauterizadas (I Tm.4:2), insensíveis à voz do Espírito de Deus. Pensam ter o Espírito Santo, mas, assim como Sansão, estão totalmente enganados (Jz.16:20). Devemos seguir a recomendação do apóstolo Paulo e não permitir que sejamos os responsáveis pelo entristecimento do Espírito Santo (Ef.4:30), mas, se o fizermos, ajamos como Davi e, prontamente, ao notarmos o afastamento do Espírito, clamemos pelo Seu retorno, imploremos ao Senhor, arrependidos, pela Sua misericórdia, para que não venhamos a nos perder. Tenhamos a sensibilidade espiritual que tinha Davi!

- A sensibilidade espiritual de Davi também nos traz lições a respeito do verdadeiro louvor a Deus. A Bíblia diz que Davi era o “suave em salmos de Israel” (II Sm.23:1 ARC, TB), o “amado cantor” (variante da NVI), o “mavioso salmista” (ARA), o “excelente cantor” (APF). Davi era “suave”, ou seja, “agradável”, “belo”, “musicalmente suave”, “apreciável” enquanto músico, pois é este o sentido da palavra hebraica “na’iym” ????)), que, na Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento) é a palavra “eupretés” (????????), cujo significado é “belo”, “de formosa aparência”.

- Pelo que verificamos, portanto, com Davi aprendemos que um louvor somente será “belo”, “agradável” se for “suave”, ou seja, se tiver uma aparência boa, ou seja, em termos de música, se fizer bens aos ouvidos, se não prejudicar a audição, mas, principal e fundamentalmente, se for “apreciável” por Deus. Deus Se agradava de Davi porque ele era um homem segundo o Seu coração, e, por ter um coração agradável a Deus, aquilo que compunha, aquilo que executava era prazeroso a Deus. Com Davi, aprendemos que o verdadeiro louvor não é aquele que advém da técnica, mas, sim, o que provém de um coração contrito, de uma alma submissa à vontade do Senhor. Davi tinha o Espírito Santo e, por isso, era “suave em salmos de Israel”. Não é possível um louvor verdadeiro e genuíno que não tenha como fonte o próprio Espírito de Deus. É por isso, aliás, que o apóstolo Paulo nos ensina que “…o louvor não provém dos homens, mas de Deus” (Rm.2:29). Disto testifica o próprio Davi, quando afirma que, em todas as suas composições, o Espírito do Senhor por ele falou e a Sua Palavra esteve em sua boca (II Sm.23:2).

- Muitos, na atualidade, não são “suaves em salmos de Israel”. Muito pelo contrário, têm trazido para dentro dos cultos e para os conjuntos musicais da igreja um “fogo estranho’ (Lv.10:1), algo que não foi ordenado por Deus. Tais “louvores” são apenas retrato da dureza de seus corações diante de Deus, são resultado da sua vida de pecar, da sua insensibilidade espiritual e, por isso, muitas vezes são barulhos que somente causam males de saúde aos ouvidos daqueles que, inocentemente, se encontram à mercê de suas batidas e ruídos. Como se não bastasse esta “dureza”, trata-se, também, de melodias e letras que não provêm de Deus, que nada têm que ver com as Escrituras Sagradas nem com o Espírito Santo, mas que são fruto de carnalidade, quando não de doutrinas de demônios. Vigiemos e não permitamos que este “fogo estranho” venha a fulminar aqueles que, inadvertidamente, queiram apresentá-lo ao Senhor (Nm.3:4).

- Davi também é um exemplo a ser seguido no que toca à prontidão para o arrependimento. Nas vezes em que Davi pecou (pois não há homem que não peque – cf. I Rs.8:46; II Cr.6:36), vemo-lo, uma vez conscientizado do seu pecado pelo Senhor, pronto a se arrepender e a confessar o pecado. Assim ocorreu seja no episódio da revelação de seu adultério e homicídio por intermédio de Nata, seja no episódio do recenseamento do povo. Davi não resistiu ao chamado divino para o arrependimento, humilhando-se e confessando publicamente a sua falta. Além do mais, vemos que, após o arrependimento, Davi não mais voltou a praticar aqueles atos demonstrando ter, realmente, mudado de mentalidade, modificado a sua conduta, prontamente fazendo aquilo que o Senhor Jesus diria à mulher adúltera: “vá e não peques mais” (Jo.8:11) .

- Não podemos resistir ao Espírito Santo se quisermos ter vitória espiritual sobre o mal. Não devemos cobrir os nossos pecados, mas devemos nos arrepender e confessá-los, mudando a nossa atitude desde então. Jesus nos mostrou que o caminho da salvação passa necessariamente pelo arrependimento e que, sem arrependimento, não adianta querermos crer no Evangelho (Mc.1:15). Davi é o exemplo do homem pronto a atender ao convite do Senhor para o arrependimento. Que sigamos, pois, o exemplo de Davi, que experimentou aquilo que é recomendado pelo apóstolo João: “Se confessarmos os nossos pcados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça” (I Jo.1:9).

- Muitos, na atualidade, não querem mais confessar os seus pecados, sinal de que não estão arrependidos. Preferem escolher doutores conforme as suas próprias concupiscências (II Tm.4:3) a ouvir a voz do Espírito Santo. Preferem encobrir as suas faltas e fingir que tudo está bem, quando não está. Lembremo-nos do exemplo de Davi e com ele aprendamos que o arrependimento e a confissão nos trará a misericórdia divina, como ocorreu com Davi (II Sm.12:13; 24:10-13). “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia”(Pv.28:13).

- Por fim, cabe-nos mostrar como conduta de Davi a ser seguida a sua lealdade bem como a sua misericórdia. Davi é um exemplo de lealdade, sempre cumprindo os compromissos assumidos ao longo de sua vida, mesmo quando surgiram circunstâncias que justificariam, diante dos homens, uma mudança de atitude. Quem, em sã consciência, recriminaria Davi por não dar qualquer assistência a Mefibosete, depois de todo o mal que Saul lhe havia feito? No entanto, Davi havia feito um juramento para com Jônatas, juramento que ninguém havia presenciado, mas de que Deus era testemunha, o que era bastante para que tivesse de ser cumprido aos olhos de Davi. Davi vai em busca de Mefibosete, o herdeiro de Saul vivo, e, sem se importar se ele era coxo ou uma “ameaça política” ao seu reino, cumpre integralmente a palavra que jurara a Jônatas (II Sm.9).

- De igual modo, vemos como Davi tinha facilidade em perdoar os seus inimigos. Davi não era rancoroso e, por isso, pôde chorar copiosamente pela morte de seu filho Absalão, o mesmo que usurpara o seu trono, como também perdoou a Abner, comandante do exército de Saul, com ele firmando a paz (II Sm.3:7-21), apesar de ter sido ele peça importante na perseguição empreendida contra Davi por Saul e de ter posto a Isbosete como rei e iniciado guerra contra Davi. Davi, também, perdoou a Simei, que o havia amaldiçoado quando fugia da presença de Absalão (II Sm.19:18-23). Por ter sido sempre misericordioso, Davi alcançou misericórdia da parte do Senhor, devendo ser um exemplo a ser seguido, até porque assim espera o Senhor Jesus que sejam os Seus discípulos (Mt.5:7).

V – O QUE APRENDAMOS A NÃO FAZER COM DAVI

- Todos os homens são pecadores (Rm.3:23). Uma das maiores demonstrações de que a Bíblia é a Palavra de Deus está na sua imparcialidade, imparcialidade que está ausente de qualquer livro escrito pelos homens. Deus na faz acepção de pessoas (Dt.10:17; At.10:34), de modo que mesmo os grandes heróis da fé, e Davi é um deles (Hb.11:32), são apresentados como seres humanos e, portanto, como pessoas que, ao longo de suas vidas, pecaram e sofreram as conseqüências de seus erros diante de Deus.

- Davi não é exceção. Embora a Bíblia o apresente como o grande rei de Israel, o construtor do apogeu da história israelita, o grande guerreiro, o escolhido para fundar a dinastia de onde proviria o Messias, o mavioso salmista de Israel, não esconde as suas falhas, os seus vergonhosos erros. Além do compromisso com a verdade, até porque a Palavra de Deus é a verdade (Jo.17:17) e a revelação de um Deus que é a Verdade (Jr.10:10), a narrativa das falhas e erros dos grandes homens e mulheres de Deus são, também, uma lição para os salvos, contra-exemplos, ou seja, ao vermos os erros destas personagens, aprendemos como não devemos fazer, para que não se repitam as drásticas conseqüências constantes da narrativa bíblica. Eis o motivo por que, neste trimestre, sempre teremos uma seção a respeito do que não devemos fazer à luz das biografias estudadas.

- A primeira falha de Davi narrada nas Escrituras diz respeito ao seu comportamento familiar. Davi não é um exemplo para se seguir em termos familiares, tanto na forma como se casou como também na forma como criou os seus filhos. Não é de se surpreender, portanto, que, quando da sentença divina sobre Davi, tenha sido a sua família a principal vítima (II Sm.7:10-12).

- Desde o primeiro casamento de Davi, vemos que, com relação a este aspecto, Davi é um contra-exemplo. Ao chegar aonde estava o exército, Davi fica sabendo que o rei Saul havia prometido dar a mão de sua filha em casamento a quem enfrentasse Golias. Embora o móvel de sua ação contra o gigante tenha sido a indignação causada pelo Espírito de Deus quanto às afrontas de Golias a Deus, o fato é que o jovem Davi demonstrou grande interesse em se tornar genro do rei (I Sm.17:25-27). A filha em questão era Merabe (I Sm.18:19), que, porém, foi dada para casar com outrem, apesar de Davi ter vencido o gigante. Mas, como o objetivo de Davi era ser genro do rei e não o amor que devotasse à mulher, não se importou com tal fato, resolvendo casar-se com Mical, mesmo sem amá-la, embora por ela fosse amado (I Sm.18:20-29). Casamento por interesse não é um casamento que agrade a Deus e o resultado foi que esta união nunca foi salutar. Mical acabou sendo dada a Palti, quando da fuga de Davi e Davi, embora tenha tomado de volta Mical, quando se tornou rei, com ela nunca teve um bom relacionamento.

- Davi mostrou-se, também, ser impulsivo no aspecto conjugal. Afeiçoou-se a Abigail por causa da intervenção dela em favor de seu então marido Nabal, desposando-a logo após a sua viuvez(I Sm.26:39-42). Como se isto fosse pouco, também, não muito tempo depois de ter se casado com Abigail, casou-se com Ainoã (I Sm.26:43), tendo, uma vez estabelecido no reino, demonstrado toda esta inconstância ao tomar para si mais mulheres e concubinas (II Sm.5:13). Estas narrativas mostram-nos que, em termos sentimentais, Davi era impulsivo, guiava-se pela paixão, pelo desejo incontido em relação ao sexo oposto, circunstância que foi habilmente explorada pelo adversário para que o rei cometesse o adultério com Bate-Seba e, por causa dele, o homicídio de Urias, o heteu.

- Nossos relacionamentos sentimentais não podem ser guiados pela “paixão”, entendida esta como sendo “inclinação emocional violenta, capaz de dominar completamente a conduta humana e afastá-la da desejável capacidade de autonomia e escolha racional”. Na “paixão”, a pessoa perde o controle de seus sentimentos, é “passivo”, não domina, mas é dominado pelo seu “coração”, pela sua própria natureza. O verdadeiro cristão não pode ser movido por paixões, pois, como ensina o apóstolo Paulo, “todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (I Co.6:12). A paixão é passageira, superficial e não corresponde ao sentimento que se deve ter em um relacionamento que tem de ser duradouro e para toda a vida, como é o casamento.

- Agindo por paixão nos seus casamentos, Davi acabou por construir relacionamentos temporários e fugazes, sendo, até por causa disto, um contra-exemplo como pai de família. A Bíblia mostra-nos Davi como sendo um pai ausente durante toda a sua vida. Sua ausência e seu distanciamento para com os seus filhos foi a brecha para que houvesse tantas tragédias na família real. Amnom, o primogênito de Davi, era um jovem mimado, que se deixou levar pela paixão pela sua meia-irmã Tamar e o levou a cometer a loucura de violentá-la(II Sm.13:1-22). Davi nada fez para reprovar a conduta de seu primogênito e Absalão acabou por assassinar o próprio meio-irmão(II Sm.13:23-36).

- A distância com que Davi tratou o caso e como se comportou com relação a Absalão, mesmo depois de permitir a sua volta para Israel, foi a brecha utilizada para que Absalão costurasse a sua rebelião, tendo-o feito à porta do palácio do pai, a demonstrar quão distante era Davi de seus filhos(II Sm.15:1-6). Aliás, o fato de Absalão ter abusado publicamente das concubinas de seu pai, apesar de ser um conselho recebido para mostrar a sua ruptura com o seu pai, é um exemplo de quanto era abominado pelos filhos de Davi a sua conduta “apaixonada” em relação às mulheres.

- Esta mesma distância é demonstrada no que toca a Adonias, um filho a quem jamais Davi disse não, ou seja, um filho criado sem qualquer disciplina (I Rs.1:6). O próprio Salomão somente desfrutou de uma intimidade maior com seu pai nos instantes finais de vida de Davi, pois até sua entronização necessitou de uma intervenção de Bate-Seba, que, pelo que se verifica do texto sagrado, também já vivia num certo distanciamento do rei (I Rs.1).

- Nos pecados mais lembrados de Davi, quais sejam, o do seu adultério com Bate-Seba e o conseqüente homicídio de Urias, temos de aprender, em primeiro lugar, que o servo de Deus nunca pode ficar ocioso na missão que lhe foi confiada pelo Senhor. Era tempo de os reis saírem à guerra, mas Davi preferiu ficar em seu palácio, mandando que Joabe fizesse aquilo que o rei deveria fazer (I Sm.11:1). Quando deixamos de fazer aquilo que nos é necessário fazer, notadamente quando servimos a Deus, armamos uma arapuca para nós mesmos. Ao ficar no palácio em vez de sair à guerra, Davi ficou à mercê do adversário de nossas almas que, sabedor da fraqueza de Davi para com as mulheres, armou-lhe uma astuta cilada. Não podemos ignorar os ardis do inimigo (II Co.2:11).

- Ainda com relação a estes pecados, percebemos, também, que a tentativa de cobertura de um pecado leva a outros. Um abismo chama outro abismo (Sl.42:7) e o resultado desta batalha para esconder o adultério foi o homicídio de Urias, um leal soldado, um de seus valentes (II Sm.23:39). Não devemos esconder as nossas faltas, mas confessá-las e deixar de pecar se quisermos ter vitória, pois, ao cobrirmos um pecado, tão somente estaremos iniciando um monturo de faltas que, a seu tempo, serão reveladas para vergonha nossa e escândalo que pode abalar a fé de outros, sobre os quais seremos responsabilizados (Mt.10:26; 18:16; Mc.4:22).

- Na tentativa de cobertura do pecado de adultério, aliás, vemos um outro defeito de Davi, que era o de subestimar o próximo, considerando-o incapaz de ter as mesmas virtudes que ele próprio. A Bíblia ensina-nos que devemos considerar os outros superiores a nós mesmos (Fp.2:3), não devendo ser presunçosos, característica dos homens dos tempos trabalhosos (II Tm.3:2). Davi, vez por outra, achou que o outro não tinha as mesmas qualidades morais que ele próprio. Assim, entendeu que Urias não tivesse a mesma lealdade que Davi devotara, anteriormente, a seu pai e a Saul, achando que, mesmo tendo se negado a ir até a sua casa, em plena época de campanha, fá-lo-ia se estivesse embriagado. Da mesma forma, creu na mentira de Ziba, quando este lhe disse que Mefibosete lhe teria traído, como que não acreditando que a mesma lealdade que Davi sempre teve com Saul não seria seguida por Mefibosete em relação ao próprio Davi (II Sm.16:1-4).

- Por fim, com relação ao pecado de Davi em contar o povo, vemos como é perigoso nos deixar levar pela vaidade, pelo orgulho. Devemos estar sempre vigilantes para que não entendamos que a posição de destaque que nos for concedida por Deus seja fruto de nossa capacidade. A Bíblia afirma que Davi se deixou levar pelo inimigo (I Sm.21:1) e quis saber sobre quantos israelitas estava a governar, sem que, para tanto, fizesse qualquer expiação a Deus, mediante a oferta à tenda da congregação, como mandava a lei. A arrogância, a vaidade são fatais para o servo de Deus. Se é verdade que o inimigo procura derrubar aqueles que Deus exalta, não é menos verdadeiro que também busca exaltar o homem acima da posição que Deus lhe confiou, pois, em assim fazendo, a queda é inevitável. Que sigamos sempre a Palavra de Deus para que não venhamos a ser surpreendidos pela astúcia do diabo.

Colaboração para o Portal EscolaDominical: Prof. Dr. Caramuru Afonso Francisco.

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